Peça é estreia na direção de Elzemann Neves, autor do texto

Lenise Pinheiro/Folhapress

Majeca Angelucci (à esq.) e Gilda Nomacce no espetáculo, em cartaz no Teatro Augusta

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Mão e Pescoço", peça do jovem Elzemann Neves, em cartaz na sala experimental do teatro Augusta, resgata um velho recurso dos filmes de faroeste, mas com um charme todo seu -e sem armas de fogo.
Cada vez que um personagem entra em cena, cria-se a expectativa de um tiro.
E, ainda que os confrontos formalizem-se quase totalmente no campo verbal, em determinado momento é de fato anunciada a presença de um matador entre eles.
Em parte, esse primeiro plano revela um golpe do próprio autor.
A peça prende por uma bobagem reconhecível, mas arrasta o espectador por diálogos que, no fundo, alcançam pontos distantes do suspense inicialmente proposto.
O jogo armado em cena reordena-se em análises capciosas dos próprios personagens sobre suas condições.

SETE FIOS
Também permite a construção de imagens poéticas, como a de um homem que joga uma taça de vinho na parede e simplesmente espera sete fios escorrerem na superfície branca.
Um último fio de vinho, que não escorre, é suficiente para criar tensão, em um texto que praticamente não indica recursos cenográficos.
O autor, que faz sua estreia na direção teatral, foi premiado este ano pelo roteiro do curta "Depois do Almoço", no Brazilian Film Festival de Miami e no Festival de Cinema de Paulínia. No filme, duas amigas falam sobre seus sonhos eróticos.
Com um estilo que beira o burlesco, em "Mão e Pescoço" Neves dirige os atores Germano Melo, que protagonizou o espetáculo "Travesties", da Cia. de Ópera Seca; Gilda Nomacce, indicada ao prêmio Shell no ano passado por "Music Hall", e Majeca Angelucci.

MÃO E PESCOÇO

ONDE teatro Augusta (r. Augusta, 943, tel. 3151-2464)
QUANDO sex., às 21h30; sáb., às 21h, e dom., às 19h. Até 19 de dezembro
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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