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Ugo Giorgetti estreia na ópera
com montagem de "Norma"
Cineasta paulista priorizou leitura política da obra de Bellini
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ugo Giorgetti estreia como
diretor de ópera. O cineasta
paulista de 62 anos, autor de
"Boleiros" e "O Príncipe",
entre outros, é o responsável
pela montagem de "Norma",
de Bellini, em cartaz até domingo no Theatro São Pedro,
com ingressos já esgotados.
"No cinema, eu piso em
terra firme. A ópera, para
mim, é como um barco: não
perco o pé, mas oscilo", compara Giorgetti, sem esconder
o prazer com a nova tarefa.
"Eu nunca trabalhei ouvindo música o tempo todo",
festeja o diretor, que abordou
o universo da música erudita
com o documentário "Variações sobre um Quarteto de
Cordas" (2004).
O cineasta, que acabou de
finalizar as filmagens de
"Corda Bamba", longa ambientado na São Paulo dos
anos 1970 e que deve chegar
aos cinemas no ano que vem,
só se queixa da restrição orçamentária.
"Quem faz cinema, teatro
e ópera no Brasil nunca tem
conforto financeiro", afirma.
"Acho que o São Pedro, que é
um teatro maravilhoso e possui uma orquestra, deveria
ter um orçamento de acordo
com suas vantagens."
Mais célebre criação do siciliano Vincenzo Bellini
(1801-1835), "Norma" (1831) é
um dos títulos mais característicos da escola operística
italiana conhecida como bel
canto. O acompanhamento
orquestral não poderia ser
mais simples: a ênfase está
toda na voz, com linhas ornamentadas e graciosas, que
influenciaram o ideal de melodia que Fryderyk Chopin
(1810-1849) perseguiu em
seus noturnos para piano.
Cavalo de batalha da diva
Maria Callas (1923-1977),
"Norma" está ambientada
nos tempos de Asterix e conta a história do amor proibido
entre uma sacerdotisa gaulesa e um centurião romano.
"Vi várias montagens que
enfatizam o aspecto religioso
da ópera, mas preferi a chave
política", explica o diretor.
"É a tragédia de amar o inimigo. Nesse sentido, é um tema
muito atual e poderia se passar no Afeganistão de hoje ou
no Iraque."
A regência é de Emiliano
Patarra, com dois elencos revezando-se nos papéis principais. O primeiro traz a soprano italiana Maria Pia Piscitelli como a protagonista,
ao lado dos paulistas Marcello Vannucci (tenor) e Denise
de Freitas (mezzo). O segundo, por seu turno, tem a curitibana Ana Paula Brunkow
no papel-título, ao lado de Rinaldo Leone e Edineia Oliveira.
NORMA
QUANDO de hoje a sex., às 20h30;
sáb. e dom., às 17h
ONDE Theatro São Pedro (r. Barra
Funda, 171, tel. 3667-0499)
QUANTO R$ 20 (esgotado)
CLASSIFICAÇÃO livre
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