São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2010

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Ugo Giorgetti estreia na ópera com montagem de "Norma"

Cineasta paulista priorizou leitura política da obra de Bellini

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ugo Giorgetti estreia como diretor de ópera. O cineasta paulista de 62 anos, autor de "Boleiros" e "O Príncipe", entre outros, é o responsável pela montagem de "Norma", de Bellini, em cartaz até domingo no Theatro São Pedro, com ingressos já esgotados.
"No cinema, eu piso em terra firme. A ópera, para mim, é como um barco: não perco o pé, mas oscilo", compara Giorgetti, sem esconder o prazer com a nova tarefa.
"Eu nunca trabalhei ouvindo música o tempo todo", festeja o diretor, que abordou o universo da música erudita com o documentário "Variações sobre um Quarteto de Cordas" (2004). O cineasta, que acabou de finalizar as filmagens de "Corda Bamba", longa ambientado na São Paulo dos anos 1970 e que deve chegar aos cinemas no ano que vem, só se queixa da restrição orçamentária.
"Quem faz cinema, teatro e ópera no Brasil nunca tem conforto financeiro", afirma.
"Acho que o São Pedro, que é um teatro maravilhoso e possui uma orquestra, deveria ter um orçamento de acordo com suas vantagens."
Mais célebre criação do siciliano Vincenzo Bellini (1801-1835), "Norma" (1831) é um dos títulos mais característicos da escola operística italiana conhecida como bel canto. O acompanhamento orquestral não poderia ser mais simples: a ênfase está toda na voz, com linhas ornamentadas e graciosas, que influenciaram o ideal de melodia que Fryderyk Chopin (1810-1849) perseguiu em seus noturnos para piano.
Cavalo de batalha da diva Maria Callas (1923-1977), "Norma" está ambientada nos tempos de Asterix e conta a história do amor proibido entre uma sacerdotisa gaulesa e um centurião romano. "Vi várias montagens que enfatizam o aspecto religioso da ópera, mas preferi a chave política", explica o diretor.
"É a tragédia de amar o inimigo. Nesse sentido, é um tema muito atual e poderia se passar no Afeganistão de hoje ou no Iraque."
A regência é de Emiliano Patarra, com dois elencos revezando-se nos papéis principais. O primeiro traz a soprano italiana Maria Pia Piscitelli como a protagonista, ao lado dos paulistas Marcello Vannucci (tenor) e Denise de Freitas (mezzo). O segundo, por seu turno, tem a curitibana Ana Paula Brunkow no papel-título, ao lado de Rinaldo Leone e Edineia Oliveira.

NORMA

QUANDO de hoje a sex., às 20h30; sáb. e dom., às 17h
ONDE Theatro São Pedro (r. Barra Funda, 171, tel. 3667-0499)
QUANTO R$ 20 (esgotado)
CLASSIFICAÇÃO livre


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