|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CINEMA
Filme baseado em peça de Arthur Miller passa hoje às 20h na Cinemateca
Ciclo traz a "A Morte do Caixeiro..."
especial para a Folha
Bom elenco, baseado em brilhante texto de Arthur Miller, e filmado com exatidão, "A Morte do
Caixeiro Viajante", de Volker
Schlondorff, é o belo filme que a
sala Cinemateca escolheu para
abrir o ciclo "Teatro, Cinema e
Psicanálise". A mostra começa
hoje, às 20h, e continua nas duas
próximas segundas-feiras.
Após a sessão, o economista
João Sayad e o psicanalista Antônio Sapienza -mediados pelo
psicanalista Alfredo Colucci-
debatem a obra, feita para a TV
em 1985.
A história é o drama de um homem que, ao final da vida, se desespera ao perceber que seus sonhos viraram pó. Este caixeiro-viajante é Willy Loman, casado,
pai de dois filhos, que conseguiu
montar sua vida nas tantas viagens que fez, vendendo produtos
sempre com um generoso sorriso.
Este sorriso diz muito no filme.
Willy (Dustin Hoffman, em excelente interpretação, envelhecido
pela maquiagem) ainda prega o
orgulho, a motivação, a força. O
sorrir, em seu caso, é negar sua
condição. A profissão lhe deu um
pouco de dinheiro, mas lhe custou o abandono do lar.
Agora, aos 63 anos, ele só tem
certeza das prestações da casa
própria, das esperanças em seus
dois filhos e das humilhações que
o filho de seu chefe lhe impinge.
Ao espectador fica, também, a
certeza da rendição. "Depois de
tantas viagens, tantos anos, você
acaba valendo mais morto do que
vivo", diz Willy.
Linda Loman (Kate Reid) é sua
mais fiel companhia, aquela que
aguenta as explosões do marido e
tenta reverter qualquer crise, inclusive as tentativas de suicídio de
Willy. É Biff, contudo, quem evidencia a crise de sua família.
Quem o interpreta é John Malkovich, no filme de hoje extraordinariamente cabeludo.
Foi em Biff que Willy colocou
suas esperanças. Não dando certo
no futebol nem nas vendas, ele
tenta a vida no oeste americano.
Agora, aos 34 anos, volta a Nova
York sem ter definido sua vida e
atiçando as discussões familiares.
A peça de Miller lhe deu, em
1949, o Prêmio Pulitzer. No filme,
o diretor Volker Schlondorff
mantém a teatralidade. Os atores
não "rejuvenescem", apenas vestem roupas joviais ou mudam um
pouco o penteado.
Os planos mantêm o estilo teatral, com pouca movimentação
de câmera e sem montagens difusas (à exceção da cena em que um
espelho se transforma em janela).
(PAULO SANTOS LIMA)
Filme: A Morte do Caixeiro Viajante
Título original: Death of a Salesman
Direção: Volker Schlondorff
Produção: EUA, 1985
Com: Dustin Hoffman, Kate Reid, John
Malkovich
Quando: hoje, às 20h
Onde: sala Cinemateca (lgo. Senador
Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, tel.
5084-2177)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes)
Texto Anterior: Concerto: Toshiko Akiyoshi rege sua "big band" Próximo Texto: Teatro: Latão publica peça "Nome do Sujeito" Índice
|