São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


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CINEMA

Filme baseado em peça de Arthur Miller passa hoje às 20h na Cinemateca

Ciclo traz a "A Morte do Caixeiro..."

especial para a Folha

Bom elenco, baseado em brilhante texto de Arthur Miller, e filmado com exatidão, "A Morte do Caixeiro Viajante", de Volker Schlondorff, é o belo filme que a sala Cinemateca escolheu para abrir o ciclo "Teatro, Cinema e Psicanálise". A mostra começa hoje, às 20h, e continua nas duas próximas segundas-feiras.
Após a sessão, o economista João Sayad e o psicanalista Antônio Sapienza -mediados pelo psicanalista Alfredo Colucci- debatem a obra, feita para a TV em 1985.
A história é o drama de um homem que, ao final da vida, se desespera ao perceber que seus sonhos viraram pó. Este caixeiro-viajante é Willy Loman, casado, pai de dois filhos, que conseguiu montar sua vida nas tantas viagens que fez, vendendo produtos sempre com um generoso sorriso.
Este sorriso diz muito no filme. Willy (Dustin Hoffman, em excelente interpretação, envelhecido pela maquiagem) ainda prega o orgulho, a motivação, a força. O sorrir, em seu caso, é negar sua condição. A profissão lhe deu um pouco de dinheiro, mas lhe custou o abandono do lar.
Agora, aos 63 anos, ele só tem certeza das prestações da casa própria, das esperanças em seus dois filhos e das humilhações que o filho de seu chefe lhe impinge. Ao espectador fica, também, a certeza da rendição. "Depois de tantas viagens, tantos anos, você acaba valendo mais morto do que vivo", diz Willy.
Linda Loman (Kate Reid) é sua mais fiel companhia, aquela que aguenta as explosões do marido e tenta reverter qualquer crise, inclusive as tentativas de suicídio de Willy. É Biff, contudo, quem evidencia a crise de sua família. Quem o interpreta é John Malkovich, no filme de hoje extraordinariamente cabeludo.
Foi em Biff que Willy colocou suas esperanças. Não dando certo no futebol nem nas vendas, ele tenta a vida no oeste americano. Agora, aos 34 anos, volta a Nova York sem ter definido sua vida e atiçando as discussões familiares.
A peça de Miller lhe deu, em 1949, o Prêmio Pulitzer. No filme, o diretor Volker Schlondorff mantém a teatralidade. Os atores não "rejuvenescem", apenas vestem roupas joviais ou mudam um pouco o penteado.
Os planos mantêm o estilo teatral, com pouca movimentação de câmera e sem montagens difusas (à exceção da cena em que um espelho se transforma em janela).
(PAULO SANTOS LIMA)


Filme: A Morte do Caixeiro Viajante
Título original: Death of a Salesman
Direção: Volker Schlondorff
Produção: EUA, 1985
Com: Dustin Hoffman, Kate Reid, John Malkovich
Quando: hoje, às 20h
Onde: sala Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, tel. 5084-2177)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (estudantes)







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