São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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VISUAIS

Artista expõe duas séries de trabalhos com 12 obras

Sutileza cromática de Michalany "enxuga elementos da pintura"

Divulgação
Obra sem título de uma das séries da mostra de Cassio Michalany


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Doze obras, seis cores. As duas séries de trabalhos que compõem a exposição inaugurada hoje por Cassio Michalany são intercaladas, uma ao lado da outra, e estabelecem tênues relações entre si. Cada uma das séries é composta por seis obras diferenciadas por "sutilezas cromáticas, mas com uniformidade formal".
"A estrutura, a parte conceitual é a mesma", explica Michalany. "Cada obra é formada por duas telas iguais e uma terceira um pouco maior", ele mostra, com uma despretensão muito própria.
Investigador da pintura há 25 anos, Michalany, 54, soube traçar uma trajetória discreta e única através de suas grandes áreas de cores. "Em 90, inovei essas questões através dos deslocamentos", lembra. Surgiram aí as três telas em tamanhos iguais, justapostas.
Surgiu, também, algo do "esgotamento da cor" que é percebido nas pinturas recentes. "Era muito preto-e-branco, ficou um clima estranhíssimo na exposição", conta, sobre a mostra no Centro Cultural São Paulo em 1992.
No ano passado, expôs em uma das grandes salas do Instituto Tomie Ohtake, apostando no contraponto entre telas que iam dos 20 cm x 40 cm aos 1,35 m x 2,40 m.
"Coerente com seu trabalho pictórico, Cassio Michalany é um artista cuja conduta insiste em se pautar numa discrição tamanha que às vezes não deixa ver o quanto ela está associada com a certeza e a precisão", escreveu o crítico Agnaldo Farias, curador daquela exposição.
"É um pintor de pintores, um artista cultuado pelos outros artistas", define Farias.
Sobre a mostra presente, Michalany diz que "enxuga os elementos da pintura. São trabalhos com a essência da pintura, que é a cor". De fato, e de maneira bem particular. Em uma série, preto, azul e verde. Em outra, cinza, tabaco e marrom.
Em cada uma das séries, as faixas de cores criam, apenas no jogo de posições, telas diferentes, através das interferências cromáticas e de um próprio jogo óptico, com uma das faixas um pouco mais larga do que as outras.
"Fica uma leitura múltipla, algo um pouco mais confuso. O trabalho ganha uma leveza que não tinha", diz o pintor, que usa em suas obras esmalte sintético "desde 84, 85", com cores de catálogo de loja.
"Mas essa aqui é uma exposição para andar", percebe, a certa altura, Michalany, apontando o reflexo das luzes sobre as obras e a distância entre elas, não muito grande, mas suficientemente ampla para não deixar que as obras de um lado da galeria sejam vistas a partir do outro lado.
O espaço foi meticulosamente pensado pelo pintor. A profusão de paredes brancas é "tentadora". "Mas não dá para colocar um monte de trabalho aqui." E há ainda duas paredes livres, as menores do retângulo da galeria Raquel Arnaud, que ficaram sem nenhuma obra.
"É muito tentador colocar uma tela grande numa dessas paredes, mas ia ficar parecendo uma moldura, não dá certo", aposta Cassio Michalany, comedido.
No próximo dia 4, Michalany inaugura outra exposição, no Centro Universitário Maria Antônia, com novas obras "e uma parede curva inteiramente laranja".

CASSIO MICHALANY - PINTURAS. Quando: hoje, das 11h às 15h; de seg. a sex.: das 10h às 19h; sáb.: das 11h às 14h; até 20/3. Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, Pinheiros, tel. 3083-6322). Quanto: entrada franca. Preço das obras: R$ 6.000 e R$ 8.000 cada série.


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