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ARTES PLÁSTICAS
Dez curadores selecionam obras de dez artistas que dialogam com o artista francês pioneiro do dadaísmo
Brasileiros procuram por Duchamp
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Nenhum artista marcou e marca
tanto a arte contemporânea como
o francês Marcel Duchamp (1887-1968). Pode não ser tão lembrado
pelo grande público como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973),
mas sua influência é maior.
As conquistas de Picasso, como o
cubismo, que liberou a arte de seu
papel de imitador da natureza, foram assimiladas e não promovem
mais discussões, mas as de Duchamp, como a incorporação de
objetos do cotidiano e a sua transformação em obra de arte (ready-made), continuam a suscitar indagações, como as colocadas pelos
dez curadores selecionados pelo
Paço das Artes para a mostra "Por
Que Duchamp?", que abre hoje.
Coube a cada um deles selecionar obras de um artista brasileiro
que trabalhasse com questões levantadas pelo artista dadaísta.
Vale lembrar que o próprio conceito de "curadoria" se intensificou com Duchamp, que questionou o que seria obra de arte.
"O projeto duchampiano ainda
não foi digerido pelo grande público e está longe de ser ultrapassado
pela contemporaneidade", disse
Vitória Daniela Bousso, diretora
do Paço e uma das curadoras. Ela
selecionou Félix Bressan.
O artista gaúcho é quem traz
mais em evidência (talvez ao lado
de Nelson Leirner, também na
mostra) as influências de Duchamp, como na absorção de objetos do cotidiano e na resolução formal de suas esculturas.
A mostra avançará nas questões
de Duchamp principalmente com
a inclusão de Nuno Ramos e Arthur Bispo do Rosário, selecionados por Stella Teixeira de Barros e
Lisette Lagnado, respectivamente.
Nuno comparece com um remake de "Manorá", obra em mármore e vaselina já realizada em Assunção (Paraguai).
A curadora afirma em texto (que
fará parte de um livro sobre a mostra) que as aproximações entre os
dois, como o erotismo, são sutis.
Mais adiante, avisa que pouco importa tentar fazer comparações entre os dois.
A discussão se intensifica com
Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), um artista esquizofrênico
que passou a maior parte da vida
internado em Jacarepaguá.
Ao selecioná-lo, Lagnado aborda
a questão da necessária neutralidade do objeto para converter-se em
ready-made e em obra de arte. E
nada mais neutro ao espectador
que uma obra criada como representação de um mundo que não é
este. Rosário não deve ter conhecido Duchamp, mas foi acertadamente incorporado pela arte assim
como o objeto o foi por Duchamp.
Mostra: Por Que Duchamp? (coletiva com
trabalhos de dez artistas selecionados por
dez curadores)
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade,
1, tel. 813-3627, Cidade Universitária)
Vernissage: hoje, às 19h
Quando: de segunda a sábado, das 10h às
18h; domingo, das 14h às 18h
Quanto: entrada franca
Patrocinadores: Itaú Cultural e Secretaria
de Estado da Cultura
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