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EXPOSIÇÃO
Luiz Zerbini mostra suas abstrações da natureza
FRANCESCA ANGIOLILLO
free-lance para a Folha
"Pedra não é gente ainda." A
frase, de certa forma, resume as
referências dos novos trabalhos do artista Luiz Zerbini e dá
nome à exposição que está na
galeria Camargo Vilaça.
Para quem conhece a obra de
Zerbini, os trabalhos que estão
na exposição podem parecer
uma mudança brusca na trajetória do artista. Em sua mostra
anterior, no Rio de Janeiro, em
agosto passado, Zerbini apresentou auto-retratos.
Agora Zerbini traz peças abstratas que, como disse à Folha,
se parecem com o que, antes,
eram os fundos dos quadros.
"Os trabalhos anteriores tinham muita sobreposição de
cor e de formas, dava um resultado mimético, as figuras ficavam diluídas na textura."
Zerbini vê suas criações
atuais como uma síntese de
idéias anteriores.
"Comecei a me interessar
mais pelo fundo do que pela
narrativa do que eu estava pintando. Aí eu ganhei um papel
pintado e vi ali uma continuidade do que eu queria fazer."
Ele, então, adaptou para
grandes dimensões uma técnica artesanal, a do papel marmorizado, utilizado em encadernação, para compor os novos quadros.
O artista diz que, apesar de
serem trabalhos abstratos, há
sempre uma referência figurativa, tanto para quem olha e
quer compreender as obras
quanto para ele mesmo.
Para Zerbini, as referências
formais dos quadros que ele
mostra agora estão na natureza: pedras, casulos de insetos,
células. Não são gente, mas há
quem possa ver pessoas nas
formas de Zerbini.
"O que sinto falta é da pessoa
não conseguir ver tudo. Eu tenho na cabeça o arquivo de tudo que aconteceu; quando uma
pessoa acha parecido com uma
coisa ou outra, acho engraçado.
Mas, quando eu monto uma
exposição, sinto falta do resto
todo, incluindo os erros."
O quê: Pedra Não É Gente Ainda; tinta
acrílica sobre papel ou tela
Onde: galeria Camargo Vilaça (r.
Fradique Coutinho, 1.500,
tel. 210-7066)
Quando: de seg. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 10h às 14h
Quanto: entrada franca. Peças entre
R$ 3.000 e R$ 17 mil
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