São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Samba de SP motiva livro e show

Osvaldinho da Cuíca, que deu depoimentos a pesquisador, diz que atual onda sambista nasceu na cidade

"Batuqueiros da Pauliceia", feito em parceria com André Domingues, tem noites de lançamento a partir de hoje, no Sesc Pompeia


MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não são shows de lançamento comuns. As quatro apresentações que Osvaldinho da Cuíca, 69, faz a partir de hoje no Sesc Pompeia poderiam ser mais bem definidas como versões práticas dos capítulos de "Batuqueiros da Pauliceia", livro que chega às lojas. Passista, compositor, instrumentista, intérprete e estudioso do samba, Osvaldinho deu longos depoimentos ao pesquisador André Domingues, 32, enquanto convalescia de um câncer na garganta. Ao mesmo tempo em que relatava as histórias que compuseram sua própria carreira, o músico construía uma biografia profunda do samba paulistano. Armou teorias sobre as relações de atração e repulsa que a cidade tem com o gênero.
"São Paulo é cosmopolita. Tem coreano, árabe, italiano, nordestino, mineiro, carioca, gente de todo o mundo", diz Osvaldinho à Folha. "Por isso essa cidade não tem tanto amor próprio quanto Salvador, Porto Alegre ou Rio -capitais em que os moradores nasceram lá e mantêm as raízes. Foi essa autoestima que faltou para consolidar nosso samba."
Segundo o músico, foi por esse motivo que o modelo carioca de samba prevaleceu nacionalmente: "Até nos mais longínquos batuques, o rádio e a TV padronizaram tudo, e chegamos a um samba único, em que só o sotaque é diferente". O livro, no entanto, termina esperançoso. Domingues confirma o bom momento: "Essa onda sambista que o Brasil vive nasceu em São Paulo", afirma o autor.
"A Lapa do Rio é maravilhosa, mas foram os paulistanos que saltaram na vanguarda da retomada das tradições. O Quinteto em Branco e Preto, formado aqui na zona sul, é anterior a Teresa Cristina e ao pessoal que revitalizou a Lapa."
E é exatamente o Quinteto em Branco e Preto que, junto do cantor Celso Viáfora, sobe hoje ao palco do Sesc para acompanhar Osvaldinho. Amanhã, é a vez de Bebeto, nome importante do samba rock, e dos Amigos da Vai-Vai, grupo formado por Thobias da Vai-Vai, Paquera e Chapinha.
No sábado, o anfitrião divide a cena com Germano Mathias, outra lenda do samba paulistano, e o grupo folclórico Samba de Roda de Pirapora. O veterano Seu Carlão do Peruche e o Clube do Balanço encerram a programação, no domingo.
"Nossos convidados são personagens citados no livro", diz Osvaldinho, que vai tocar e cantar em todas as sessões. Os problemas com a garganta? "Agora eu estou excelente."


BATUQUEIROS DA PAULICEIA

Autores: Osvaldinho da Cuíca e André Domingues
Editora: Barcarolla
Quanto: R$ 34 (216 págs.) Show de lançamento: de hoje a 10/5; qui., sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h30, na choperia do Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700); de R$ 4 a R$ 16;
Classificação: 18 anos




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