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TEATRO
Peça estréia no Ruth Escobar
"Oxigênio" expõe a vaidade dos cientistas
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"A ciência busca o conhecimento, mas os cientistas o reconhecimento." O trocadilho do químico
francês Antoine Lavoisier (1743-1794) pode ser estendido a todos
os mortais, como procura mostrar o espetáculo "Oxigênio", do
Núcleo Arte no Ciência no Palco,
que estréia hoje no Ruth Escobar.
"Todo mundo quer ser reconhecido, independentemente da
área de atuação", diz o ator Oswaldo Mendes, 59, um dos integrantes do grupo. Como nas
montagens anteriores ("Copenhagen", "A Dança do Universo"
etc.), este nono projeto quer expor a face mais humana dos cientistas, homens e mulheres empenhados na razão.
Em "Oxigênio", Lavoisier, o inglês Joseph Priestley (1733-1804) e
o sueco Carl Scheele (1742-1786)
disputam a primazia pela "descoberta do ar vital". Estamos em
2001, centenário da criação do
Prêmio Nobel. Enquanto o fictício comitê sueco discute o veredicto, a peça retrocede ao séc. 18
para dar conta das vidas dos cientistas. Detalhe: os fatos históricos
são narrados sob o ponto de vista
de suas respectivas mulheres.
Os autores da peça são químicos: o austríaco Carl Djerassi
("pai da pílula anticoncepcional")
e o polonês Roald Hoffmann (Nobel de 1981). A dramaturgia mescla conteúdos reais e imaginários
para conferir o tal Nobel retroativo. A vaidade humana vem à tona, quer na alegria dos vencedores, quer na resignação dos perdedores. "Pelo menos os perdedores
não poderão protestar", brinca
um dos personagens.
Para o Arte e Ciência no Palco, a
parte que cabe ao espectador é o
exercício livre da imaginação.
"Imagem, porque só assim, como
quis Santos Dumont, o ser humano se tornará um dia a medida e o
fim de todas as conquistas da
ciência e da tecnologia", como
afirma o programa da peça.
Segundo Mendes, a música, a
luz e a "atitude física" dos intérpretes transmitem as noções de
tempo e espaço do texto traduzido por Juergen Heinrich Maar.
Oxigênio
Quando: estréia hoje, às 21h; qui. e sáb.,
às 21h; sex., às 21h30; e dom., às 19h
Onde: teatro Ruth Escobar (r. dos
Ingleses, 209, tel. 3289-2358)
Quanto: R$ 20 (qui. e sex.) e R$ 30 (sáb. e
dom.)
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