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DANÇA
"Solos, Duos e Trios" exibe seis espetáculos que usam a técnica de libertação dos passos demarcados em movimentos
Improvisação marca projetos de festival
KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO
Experimentar é o verbo que rege a mostra de dança "Solos, Duos
e Trios", que começa hoje no Centro Cultural São Paulo. Seis espetáculos pontuam diferentes formas de improvisação -técnica
em que bailarinos e coreógrafos
se libertam de passos demarcados
em seus movimentos.
Uma dessas inusitadas "experimentações" é a que Lu Favoreto,
diretora da cia. Oito Nova Dança,
leva ao palco. A conversa dela e
outros três bailarinos com um
morador idoso da ilha do Cardoso (litoral sul de São Paulo) deu
origem ao solo "Seu Acelino".
"Esse trabalho é fruto de uma pesquisa que fizemos na ilha para
criar o espetáculo "Modos de Ver".
Eu danço o diálogo que tivemos
com esse morador solitário, que
vive em uma casa em ruínas e
quase não se comunica. O silêncio
também é muito presente", diz a
bailarina.
As marcas e inquietações deixadas por diversos trabalhos coreográficos no corpo de Georgia Lengos conduzem o solo "Inscrição".
"O interessante é ver como o que
estava inscrito no meu corpo em
janeiro pode estar diferente agora", conta Georgia, que também
dirige o grupo Balangandança,
que desenvolve pesquisas e espetáculos de dança contemporânea
para crianças.
Em "Z1 - A Figura e o Fundo",
duo interpretado por Zélia Monteiro e Umberto da Silva, o cubismo e as obras do holandês Piet
Mondrian (1872-1944) inspiraram a criação. "Nós abordamos
desde as artes plásticas até as relações humanas", diz Monteiro.
João Andreazzi e Edson Calheiros dançam "Não Fosse Isso Era
Menos - Não Fosse Tanto Era
Quase", coreografia baseada em
livro do poeta curitibano Paulo
Leminski (1944-89). "Sempre que
eu leio poemas de Leminski penso nas imagens que as palavras
inspiram. Elas são conectadas à
melodias", diz Andreazzi.
Com música ao vivo, entre rabecas e clarinetes, o trio "Fiscalizações", dirigido por Fernando Lee,
do núcleo Omstrab, trata da vigília urbana e do ser humano perseguido pelas câmeras instaladas
em elevadores, plataformas de
metrô, caixas eletrônicos. "Tento
mostrar as diferentes reações que
as pessoas têm quando se percebem flagradas. Umas ficam tímidas, outras exibidas", diz Lee.
"Território Interno", de Diane
Ichimaru, transita entre as imagens que surgem dos diferentes
estados de alerta dos corpos, principalmente no das mulheres. Movimentos que lembram mistérios,
segredos e esperança marcam o
espetáculo.
O evento "Solos, Duos e Trios"
não tem um curador. Qualquer
bailarino pode inscrever seu projeto e participar do processo de
seleção. Neste ano, os seis trabalhos foram escolhidos entre cerca
de 50 inscritos.
SOLOS, DUOS E TRIOS. Mostra de
dança contemporânea com diferentes
montagens. Onde: Centro Cultural São
Paulo (rua Vergueiro, 1.000, Liberdade,
tel. 3277-3611). Quando: de hoje até 4/5.
De qua. a sáb., às 21h, e dom., às 20h.
Quanto: de R$ 5 a R$ 8.
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