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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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DANÇA

"Solos, Duos e Trios" exibe seis espetáculos que usam a técnica de libertação dos passos demarcados em movimentos

Improvisação marca projetos de festival

KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

Experimentar é o verbo que rege a mostra de dança "Solos, Duos e Trios", que começa hoje no Centro Cultural São Paulo. Seis espetáculos pontuam diferentes formas de improvisação -técnica em que bailarinos e coreógrafos se libertam de passos demarcados em seus movimentos.
Uma dessas inusitadas "experimentações" é a que Lu Favoreto, diretora da cia. Oito Nova Dança, leva ao palco. A conversa dela e outros três bailarinos com um morador idoso da ilha do Cardoso (litoral sul de São Paulo) deu origem ao solo "Seu Acelino". "Esse trabalho é fruto de uma pesquisa que fizemos na ilha para criar o espetáculo "Modos de Ver". Eu danço o diálogo que tivemos com esse morador solitário, que vive em uma casa em ruínas e quase não se comunica. O silêncio também é muito presente", diz a bailarina.
As marcas e inquietações deixadas por diversos trabalhos coreográficos no corpo de Georgia Lengos conduzem o solo "Inscrição". "O interessante é ver como o que estava inscrito no meu corpo em janeiro pode estar diferente agora", conta Georgia, que também dirige o grupo Balangandança, que desenvolve pesquisas e espetáculos de dança contemporânea para crianças.
Em "Z1 - A Figura e o Fundo", duo interpretado por Zélia Monteiro e Umberto da Silva, o cubismo e as obras do holandês Piet Mondrian (1872-1944) inspiraram a criação. "Nós abordamos desde as artes plásticas até as relações humanas", diz Monteiro.
João Andreazzi e Edson Calheiros dançam "Não Fosse Isso Era Menos - Não Fosse Tanto Era Quase", coreografia baseada em livro do poeta curitibano Paulo Leminski (1944-89). "Sempre que eu leio poemas de Leminski penso nas imagens que as palavras inspiram. Elas são conectadas à melodias", diz Andreazzi.
Com música ao vivo, entre rabecas e clarinetes, o trio "Fiscalizações", dirigido por Fernando Lee, do núcleo Omstrab, trata da vigília urbana e do ser humano perseguido pelas câmeras instaladas em elevadores, plataformas de metrô, caixas eletrônicos. "Tento mostrar as diferentes reações que as pessoas têm quando se percebem flagradas. Umas ficam tímidas, outras exibidas", diz Lee.
"Território Interno", de Diane Ichimaru, transita entre as imagens que surgem dos diferentes estados de alerta dos corpos, principalmente no das mulheres. Movimentos que lembram mistérios, segredos e esperança marcam o espetáculo.
O evento "Solos, Duos e Trios" não tem um curador. Qualquer bailarino pode inscrever seu projeto e participar do processo de seleção. Neste ano, os seis trabalhos foram escolhidos entre cerca de 50 inscritos.


SOLOS, DUOS E TRIOS. Mostra de dança contemporânea com diferentes montagens. Onde: Centro Cultural São Paulo (rua Vergueiro, 1.000, Liberdade, tel. 3277-3611). Quando: de hoje até 4/5. De qua. a sáb., às 21h, e dom., às 20h. Quanto: de R$ 5 a R$ 8.


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