São Paulo, Terça-feira, 09 de Novembro de 1999 |
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ARTES PLÁSTICAS Exposição de desenhos sobre tecido vai de hoje a dezembro Cabelo mostra flagrantes do abismo na galeria Luísa Strina
JULIANA MONACHESI free-lance para a Folha Seu escritório é o ônibus. Seu ateliê, o instante. O artista que colocou fogo na Documenta de Kassel e retratou o grupo em que canta, o Boato, na capa do seu primeiro CD, com polvos na cabeça retorna ao circuito das artes plásticas com desenhos de fluxos do inconsciente. Cabelo (ou Rodrigo Saad, nome que ele utilizou uma única vez na carreira, resultando em uma exposição que obteve poucas visitas, uma vez que só o conheciam pelo apelido) não recusa o inevitável paralelo com o surrealismo e com uma certa arte esquizofrênica desses desenhos que retratam um universo mágico e primitivo. "Eles são registros de estados alterados, de visões anteriores e de êxtases, são flagrantes de um abismo, espasmos iluminados, uma experiência de mergulho nesse universo que é meio rastafari, meio hindu, meio budista", explica Cabelo. O artista pretende que seus desenhos diminuam as barreiras que existem entre o inconsciente e o exterior. Neles, alguns padrões de movimento se repetem, as palavras surgem como fonte de imagem -e trazem, além disso, um componente sonoro à sua obra. Poesia Os desenhos contêm símbolos elementares, como na performance que apresentou na Documenta de Kassel (1997), em que ateava fogo a um aquário. O artista, inclusive, acaba de ser convidado para o segmento "Project Rooms" da feira espanhola Arco 2000. Cabelo afirma que a base do seu trabalho é a poesia, que não vê diferença entre a música e as criações plásticas. "Arte tem a ver com a liberdade da sua linguagem, que não se restringe a desenhar, escrever, compor." A banda de Cabelo, atualmente sem gravadora, tem trabalhado no estúdio do cantor e guitarrista Lulu Santos, que se ofereceu para produzir o grupo. "Gosto de tocar de improviso, fazer repentes, como nos desenhos", diz. Exposição: Cabelo Onde: galeria Luisa Strina (r. Padre João Manoel, 974a, tel. 280-2471) Quando: hoje, às 19h; seg. a sex., 10h às 20h; sáb., 10h às 14h. Até 4 de dezembro Quanto: entrada franca Preço das obras: R$ 1.000 a R$ 2.000 Texto Anterior: Ciclo: 3ª Mostra MIS de vídeo começa hoje Próximo Texto: O bom do dia: Rumos Musicais lança primeiro CD Índice |
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