São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Capas clássicas da Elenco são reunidas em mostra

Especializada em bossa nova, gravadora se notabilizou por design minimalista

Capas em três cores -preto, branco e vermelho-criadas por Cesar Villela acabaram se tornando referência mundial


Divulgação
"Nara Leão" (1963), primeiro LP da cantora

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Qualquer interessado por arte gráfica brasileira sabe disso: o mundo das capas de LPs no país se divide entre antes e depois de Cesar Villela. Carioca, hoje com 79 anos, ele é autor de mais de mil trabalhos nessa seara -a maior parte deles feito na virada dos anos 50 para os 60 para os artistas da gravadora Odeon.
Mas foi com as capas que fez para o legendário selo Elenco, de artistas ligados à bossa nova, que Cesar se tornou uma unanimidade no ramo. Ali, a partir de 1964, instaurou um conceito minimalista. Usava quase sempre só o branco, o preto e o vermelho -o que tinha tudo a ver com a simplicidade da música que aquelas capas embalavam.
É de Cesar, portanto, a maior parte dos trabalhos que compõem, a partir de hoje, a mostra "Elenco - A Cara da Bossa", no Instituto Tomie Ohtake.
A curadoria ficou sob os cuidados do designer gráfico Marcello Montore, 42. Ele selecionou 75 capas, produzidas nas diversas fases do selo -que, ainda nos anos 60, seria comprado pela major Philips e se manteria mais ou menos ativo até os 80, ainda que sem qualquer conceito definido.
Além de Cesar Villela, entram os trabalhos produzidos por Rubens Richter, Carlos Vergara, Lincoln Nogueira, Ronald Lins, Aldo Luiz e do publicitário uruguaio Eddie Moyna, que ficou no lugar de Villela quando este se mudou para uma longa temporada nos Estados Unidos.

Economia
Montore garante que a velha lenda de que o estilo minimalista de Cesar nasceu de uma necessidade financeira -fazer capas com apenas três cores saía, de fato, muito mais barato que fazer as capas coloridas da Odeon- não procede.
"A Elenco não tinha mesmo muito dinheiro", diz. "Mas Cesar já vinha experimentando essa economia estética -não financeira- na Odeon. Quando caiu em terreno independente, percebeu que podia ousar muito mais e radicalizar sua proposta. Foi o que fez." Vale lembrar que, exceto Lincoln Nogueira, todos os capistas que trabalharam para Elenco eram autodidatas.


ELENCO - A CARA DA BOSSA

Quando: de ter. a dom., das 11h às 20h; até 10/1
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, tel: 0/xx/11/2245-1900); livre
Quanto: entrada franca




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