São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

Próximo Texto | Índice

SHOW/CRÍTICA

Em apresentação de menos de uma hora em SP, rapper norte-americano faz show sem mensagens políticas

Snoop Dogg se mostra para a classe média

Flávio Florido/Folha Imagem
O cantor norte-americano Snoop Dogg durante o show que fez anteontem no Credicard Hall


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Menos "gângster", mais "entertainer". Menos "comunidade rap", mais classe média. Esses foram Snoop Dogg e o público que lotou o Credicard Hall, anteontem à noite, para assisti-lo.
Havia "pouca" expectativa para o show. Os 7.000 ingressos disponíveis inicialmente esgotaram-se rapidamente. Mais 300 foram colocados à venda no dia anterior e evaporaram quase instantaneamente. Isso com o preço mínimo de R$ 40.
No final, entrou quem tinha esse dinheiro (gente do surfe, das academias de ginástica, adolescentes estridentes) -e também quem não tinha. Durante o show, a porta que dava acesso à imprensa foi quebrada, para a alegria de dezenas de pessoas.
No palco, Snoop mostrou-se irreverente e brincalhão. Não se preocupou em "passar mensagens" ou glorificar o gangsta rap -em certo momento, homenageou Tupac Shakur, o rapper e amigo assassinado em 1996, incitando o público a gritar seu nome.

Curto
O show é permeado pela temática "sexo", não por "violência". São Paulo assistiu a um Snoop Dogg animado e divertido o tempo inteiro, e não ao rapper ameaçado de morte e que já teve o nome ligado a um assassinato. O problema é que tudo durou pouco: foi uma apresentação de menos de uma hora.
Foi um desfile dos hits do cantor, desde o seu primeiro -e melhor- álbum, "Doggystyle", de 1993. Snoop não abriu mão de "Murder Was the Case", "Gin and Juice" e "Who Am I (What's My Name)?" -esta última uma verdadeira pancada.
A carreira de Snoop é irregular, mas ele usa bem seu repertório mais recente, como a suingada "P.I.M.P.", que está em seu último disco, "Paid that Cost to Be da Bo$$", do ano passado.
O rap praticado pelo cantor é aquele da Costa Oeste dos EUA, com o grave lá no alto e muita batida funk.
Durante "Beautiful" -cujo clipe foi filmado nas favelas cariocas no ano passado-, Snoop chamou ao palco uma dúzia de garotas para acompanhar seus passos de dança.
O que Snoop faz talvez não possa ser chamado de "hip hop", já que o termo é normalmente utilizado para descrever grupos e artistas com conotações políticas e sociais em suas letras -e atitudes fora do palco.
Mas é rap de qualidade, que faz dançar e, sim, inclusivo.


Avaliação:
   



Próximo Texto: Música: Grupo tenta afirmação do "pós-caipira"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.