São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2001

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MÚSICA ERUDITA
Baixo-barítono de origem belga volta ao Brasil depois de ótimas apresentações no Municipal, em 99

José van Dam abre espaço para ópera com Mozart e Verdi

Divulgação
Tido como um dos melhores cantores da atualidade, Van Dam se apresenta hoje e quarta em SP


IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um dos cantores mais refinados da atualidade está de volta a São Paulo. Depois de fazer duas apresentações de alto nível por aqui em 99, o baixo-barítono belga José van Dam, 61, apresenta-se novamente na série de assinaturas do Mozarteum Brasileiro.
Como da outra vez, o acompanhamento é do pianista de origem polonesa Maciej Pikulski, exclusivo do cantor desde 1993. O que muda é o programa.
Se, há dois anos, no Teatro Municipal, Van Dam concentrou-se no "lied" alemão e na "mélodie" francesa, agora abre-se mais espaço para a ópera. O baixo-barítono interpreta árias de Mozart, Massenet, Delibes e Verdi.
O "lied" estará representado por "Dichterliebe" ("O Amor do Poeta"), ciclo de 16 canções de Schumann sobre textos de Hein- rich Heine. "O segredo do "Dichterliebe" está no texto", disse Van Dam à Folha, por telefone, de San José (Costa Rica), onde começou sua turnê latino-americana.
Para ele, a diferença entre interpretação de "lied" e de ópera é a mesma entre um concerto sinfônico e um de música de câmera. "A canção demanda uma interiorização maior, vai-se mais à música pura: é o canto e o piano. Mas há de se tocar o público. Não se pode ser excessivamente interior e deixar de emocionar o público. Já a ópera é muito mais exterior, mais brilhante e mais fácil de ser compreendida pelo público."
Van Dam chega à minúcia de diferenciar as interpretações de árias de ópera que faz quando está cantando com orquestra e ocasiões como a que ocorrerá em São Paulo, em que trechos de ópera serão executados com acompanhamento de piano.
"Ao cantar árias de ópera com o piano, sou muito mais sóbrio do ponto de vista gestual", afirma. "Faço mais gestos do que quando interpreto canções, mas procuro estar mais no espírito musical do que no espírito de gesto."
Celebrizado por filmes como "O Mestre da Música", de Gerard Corbiau, e "Don Giovanni", de Joseph Losey, e um dos cantores preferidos do maestro Herbert von Karajan, ele nasceu Joseph van Damme, mas, por achar o nome muito longo, preferiu abrevia-lo para sua forma atual.
Do Brasil ele vai para os EUA, onde tem concertos em Boston e Nova York, para interpretar "Cenas de Fausto", de Schumann, e "Kindertotenlieder" de Mahler. Posteriormente, na Europa, ele interpreta os quatro vilões de "Os Contos de Hoffmann", de Offenbach (em Genebra); "Don Quichotte", de Massenet (em Paris), e "A Danação de Fausto", de Berlioz (em Bruxelas).
A volumosa discografia está prestes a ser enriquecida por dois novos itens, a serem lançados pelo selo francês Forlane: um com canções populares e outro com "mélodies" de Duparc, Ibert, Poulenc e Fauré.


JOSÉ VAN DAM E MACIEJ PIKULSKI - Quando: hoje e quarta, às 21h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš., tel. 3337-5414). Quanto: R$ 20 a R$ 95.


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