VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eram para ser quatro apresentações em setembro de 2003, num bar de São Paulo, sempre às quartas-feiras, mas o projeto, que conquistou o público (clientes ou não), foi prorrogado até dezembro e agora tem sua temporada retomada.
O Rife's Comedy Hour reúne dois monólogos separados por um intervalo de 15 minutos.
No primeiro, Julio Rocha interpreta "Amor - Uma Comédia Inflável", de Castelo, com direção de Bamba e Mangau (nomes artísticos). Homem arma jantar para celebrar aniversário de um ano de namoro com boneca inflável.
Depois, é a vez de Marcelo Mansfield apresentar "Volta ao Mundo". Doze quadros condensam 18 anos de carreira do ator que ainda assina texto e direção.
Mansfield, 41, desdobra-se atualmente nos espetáculos "Terça Insana" (Avenida Bar) e "Le Defunt" (Crowne Plaza).
Em "Volta ao Mundo", ele resgata tipos em crise existencial. Há, por exemplo, um cantor cego, um malabarista atrapalhado e um galã fracassado, todos criados nos bares da cidade em que contracenava em esquetes com comediantes como Grace Gianoukas, Angela Dip e Ilana Kaplan.
Já o colega Julio Rocha afirma que "Amor - Uma Comédia Inflável" foi um achado e tanto.
Ele procurou Castelo para adaptar um dos seus livros. O jornalista e ex-Língua de Trapo, o debochado conjunto cênico-musical, ou vice-versa, escreveu-lhe monólogo nos moldes da "stand-up comedy" (gênero americano no qual, em suma, atua-se em pé, ao microfone, discorrendo com improviso sobre si e os outros).
"A única diferença é que estou contracenando com uma boneca inflável", afirma Rocha, 24.
Carlos Castelo Branco, para o mercado publicitário (ele é redator) e também para a revista "Caros Amigos", na qual colabora com artigos, ou simplesmente Castelo, como prefere no campo da dramaturgia, diz tomar inspiração em bem-humorada velha guarda: Juó Bananère, Barão de Itararé e Lauro Borges.
"Minha escrita de hoje é mais pessoal, mais a ver com os livros que fiz (cinco, todos de humor). Mas deve haver algum paralelo com o que produzi para o Língua, afinal, continuo sendo a mesma pessoa", afirma Castelo, 45, que guarda na gaveta outro texto a ser lapidado para o teatro.