Artista inicia turnê que passará por sete cidades

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cada vez mais brasileiro, Manu Chao dá início hoje, com show no Espaço das Américas, em São Paulo, a uma turnê que passará ainda por mais seis cidades do país (Salvador, Aracaju, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e Camboriú), antes de ir para a Argentina. O músico franco-espanhol, 47, conhecido por estar sempre zanzando por países do Terceiro Mundo atrás de inspiração política ou compondo e gravando em Paris ou Barcelona, há alguns anos tem uma nova base. Trata-se de Fortaleza, onde passa parte do tempo com o filho brasileiro. Falando fluentemente português, Manu Chao contou à Folha, por telefone, desde a capital cearense, como serão os concertos por aqui. O eixo do repertório será o mais recente álbum "La Radiolina", lançado no ano passado. O disco, que difere dos anteriores por ter menos repetições e ruídos e mais canções independentes, passará por transformações assim que transposto aos palcos. "Meus shows sempre têm uma energia e uma levada mais intensas, as músicas nunca aparecem do mesmo jeito que nos CDs", conta.
De fato, Manu ao vivo é como uma versão trio elétrico do Manu das gravações, lembrando muito a fase em que integrava o frenético Mano Negra, banda que existiu entre 1987 e 1995 e misturava reggae e punk rock, com forte influência do Clash. Ídolo da ondinha anti-imperialista juvenil dos anos 90, o artista não acha que sua mensagem e sua bandeira tenham caducado por conta da eleição de Barack Obama nos EUA. "O capitalismo canibal ainda está vivo. A vitória dele é simbolicamente importante, mas sou cético. Tem muita coisa errada pra consertar neste mundo."