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Cia. relê Rubem Fonseca e Lima Barreto
"Com Paixão" e "O Cobrador", peças inspiradas em obras da literatura nacional, estréiam na nova sede do grupo Teatro X
DA REPORTAGEM LOCAL
Medo e esperança, lados da
moeda no Brasil de hoje, segundo a Companhia Teatro X, motivam seus dois novos espetáculos em São Paulo.
Há um pé na literatura do final do século 20, com o conto
"O Cobrador", de Rubem Fonseca, e outro na do início do
mesmo período, com "Triste
Fim de Policarpo Quaresma",
romance de Lima Barreto.
A obra de Barreto serve de
base para "Com Paixão", peça
que Rubens Rewald escreveu
nos anos 80. Segundo o diretor
Paulo Fabiano, 46, a dramaturgia foi retrabalhada pelos atores sob a perspectiva de Lima
Barreto. "Com Paixão" entra
em cartaz hoje na nova sede da
companhia, um galpão da rua
Rui Barbosa, na Bela Vista --
onde antes funcionava uma funilaria, entre os teatros Ágora e
o Sérgio Cardoso.
As convicções nacionalistas
de Quaresma são como que
fundidas às de Augusto da Paz,
nessa peça, que trata da noção
de pertencimento em uma época em que a melhor saída para
as classes mais abastadas era o
aeroporto.
Injustiça social
Já "O Cobrador", que estréia
na sexta, é conto levado à cena
quase integralmente. A concepção realista de Fabiano para
o sujeito que, subitamente e de
arma em punho, passa a cobrar
de tudo e de todos que lhe cruzam o caminho, por sentir-se
injustiçado na sociedade, deve
contrastar com a montagem da
mesma história por Beth Lopes
e sua Companhia de Teatro em
Quadrinhos, em 1990.
Ao humor e à força imagética
do texto, Fabiano e atores entrevêem, também, "uma possível gênese do crime e de uma
sociedade do terror".
"Em comum, os protagonistas das duas peças enfrentam
esquemas opressores a seu redor. Mas, enquanto o Cobrador
age sem valores morais, parte
para a violência e é uma figura
sem esperança, o Policarpo/
Augusto reage com utopia, batalha pela transformação", diz
Paulo Fabiano, um dos fundadores do Teatro X, em 1998.
Nos últimos anos, a companhia busca estruturas narrativas que tenham a urbanidade
como pano de fundo.
Outras formas de desigualdade são questionadas em "Delicadeza", a partir de hoje no Espaço dos Satyros Dois. O diretor Marcos Loureiro encena o
texto de João Fábio Cabral,
projeto do grupo Kuringa.
Seis jovens de várias classes
sociais fazem da cidade um território de intolerâncias. Conforme o autor, a peça propõe o
caminho inverso da delicadeza,
em que falta de respeito e de
educação são ainda mais latentes diante de diferenças de raça,
religião, sexualidade ou classe.
(VS)
COM PAIXÃO
Onde: Teatro X (r. Rui Barbosa, 399,
tel. 3283-2780)
Quando: estréia hoje, às 21h; qua. e
qui., às 21h. Até 26/7
Quanto: R$ 15
O COBRADOR
Onde: Teatro X
Quando: estréia sex., às 21h; sáb. e
dom., às 21h; dom., às 20h. Até 1º/7
Quanto: R$ 20
DELICADEZA
Onde: Espaço dos Satyros Dois (pça.
Franklin Roosevelt, 124, tel. 3258-6345)
Quando: estréia hoje, às 21h; qui. e
sex., às 21h. Até 29/6
Quanto: R$ 10
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