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Orquestras popularizam o erudito
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
Dizer que música erudita no Brasil é coisa de elite é chover no molhado. Quem pode pagar, por
exemplo, entre R$ 120 e R$ 230 para ver o violoncelista russo Mstislav Rostropovitch, que abre temporada do Cultura Artística?
Claro que há alternativas -duas
vezes por semana, a Orquestra Sinfônica do Estado de SP leva regentes e solistas de nível internacional
ao Theatro São Pedro, não cobrando mais do que R$ 10 pela entrada.
Só que a barreira não é apenas
econômica, é também cultural.
Como persuadir a ouvir o "Concerto para Violoncelo e Orquestra", de Dvorák, uma pessoa que
não só ignora a existência do compositor tcheco, mas para a qual as
palavras "violoncelo" e "concerto"
também não fazem sentido?
Resta uma tarefa que não é realizada nem pelos corpos estáveis do
Estado nem do município: levar a
música erudita a um público que
nem sabe que ela existe. Gente que
não vai a recitais porque desconhece o que seja o espetáculo.
Difícil imaginar um solista de cachê astronômico, ou as orquestras
profissionais paulistanas, tocando
em um endereço distante das tradicionais salas de concerto, como
São Miguel Paulista. Mas este é
exatamente o tipo de atividade desenvolvido por algumas formações
"independentes", que podem não
ter -nem a isso almejam- excelência técnica internacional, mas
trabalham decisivamente pela formação de novas platéias.
Caso, por exemplo, dos músicos
que formam a Orquestra Britten,
que já gravaram CDs com qualidade. O assinante de uma série de
concertos cara, que coleciona discos importados das boas orquestras européias, certamente não verá razões para se deslocar a até esse
concerto. Mas ele pode vir a ser a
primeira chance de ouvir um violino na vida de alguém que vive longe do Teatro Municipal.
Onde: Theatro São Pedro (r. Albuquerque
Lins, 171, tel. 3666-1030)
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