JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Num grande restaurante francês de três estrelas a simples idéia de haver música ambiente já basta para azedar os molhos e o humor do chef da casa. Nos templos da gastronomia, come-se. A música, seja clássica ou popular, fica para outra hora.
Já aqui no Brasil, a música ambiente é bastante usual nos restaurantes. Há das piores opções, rádios com locutores berrando mais do que os músicos, até as mais amenas, com trios de cordas e música tranquila. Outros têm suas particularidades.
Entre os mais curiosos desses restaurantes estão o Brooklin e o Sam & Brothers, onde a música não somente é ao vivo mas interpretada pelos garçons.
O Brooklin foi o pioneiro nesta vertente. Com seu ambiente de dois andares e uma cozinha mais pretensiosa que artística, os os garçons cantam durante 20 minutos, com intervalos de 20 minutos. O público pode comer carpaccio de salmão com folhas e purê de azeitona (R$ 12,50); risoto de cogumelos com lombo de cordeiro ao poivre (R$ 35); e confit de pato com purê de mandioquinha (R$ 34).
Na mesma linha de garçons cantores, o Sam & Brothers tem uma decoração que remete ao country norte-americano, mas a influência não é seguida nem na música nem na cozinha, que, no máximo, incorpora alguns ingredientes da cultura "tex-mex". A música varia entre os ritmos pop, jazz, blues e folk. Alguns shows se concentram no palco e outros são dispersos pela casa. Para comer, creme de camarões ao curry (R$ 9); filé com batata sauté ao molho de cogumelos (R$ 30); e salmão com feijão branco na manteiga e alcaparras ao molho balsâmico (R$ 28).
Outra vertente de restaurantes com música é destinada a fazer o público dançar. No Na Mata Café há um espaço dedicado à música e à dança: o Na Moita Café é voltado à música eletrônica e à nova geração de artistas. Quem vai comer antes tem desconto para dançar depois. Entre os pratos, crostata com shiitake, shimeji e gruyère (R$ 12); sushi de salmão com massa folhada, alho poró e gergelim (R$ 12,80); e risoto de camarão com flor de abóbora (R$ 34,90).
O Piranha é uma casa noturna e um restaurante cheio de boas idéias, apesar do caos que o domina quando o movimento cresce. O melhor é ir comer cedo, antes da música. Entre os estilos, black music, anos 80 e 90, música de vanguarda, psicodélica e eletrônica aos sábados. Para comer, salada de confit de pato com castanha-do-pará, tâmaras e vinagrete de canela e mel (R$ 14); e picanha de cordeiro ao molho de Porto e frutas vermelhas, com purê de batata roxa e cebolinhas glaceadas (R$ 32).
Com intensa agitação musical, o Grazie a Dio! tem uma programação variada, reunindo músicos e DJs diferentes a cada dia, que tocam do jazz ao samba-rock. No prato, as especialidades são da cozinha mediterrânea e incluem a salada Marrakesh (folhas verdes, manga, fatias de peito de peru, shiitake refogado, tomates frescos sem pele, molho de iogurte e curry, R$ 13,90); truta com manteiga de amêndoa (R$ 21,80); e penne com molho de tomate, tiras de filé mignon, azeitonas pretas, berinjelas em cubos e tomate (R$ 16,90).
No Supremo, bar e restaurante, também é possível descer para o Supremo Musical -um nível abaixo- e ver apresentações de música brasileira e jazz. Pode-se comer empadinha de palmito, frango, camarão ou bacalhau (R$ 2, cada); e perna de cabrito assada com brócolis e batata corada (R$ 45 para duas pessoas).

$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim