São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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"Repetir é cavar o próprio túmulo", afirma Garnier


DJ de tecno francês se apresenta com o trio LBS em SP, "lugar violento e difícil", mas com pessoas "autênticas"

Músico diz que é preciso evoluir e que ficaria entediado caso se encontrasse outra vez sozinho nas picapes

SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO

Superastro do tecno, o francês Laurent Garnier quer ser mais músico e menos DJ. Após compor para o Bol- shoi e comandar uma banda, Garnier, 44, formou o LBS, trio que inicia amanhã miniturnê no Brasil. Em entrevista por telefone, disse achar os paulistanos "autênticos".

 


Folha - O que é o projeto LBS?
Laurent Garnier -
LBS é a continuação do meu live [show com cinco músicos que tocavam as composições do DJ]. Tinha vontade de voltar a mixar, mas queria continuar com músicos. Assim nasceu o LBS [Laurent, Benjamin Rippert e Scan X -ou Live Booth Sessions]. Benjamin comanda três teclados e Scan X executa comigo as composições.

Pretende voltar a tocar só como DJ?
Uma vez ou outra. Não farei mais turnês como DJ. Repetir coisas é cavar o próprio túmulo. Ficaria entediado se me visse de novo sozinho nas picapes.

Você diz que há cada vez menos bons clubes. Por quê?
É a noite que mudou. Saía-se para ouvir música, não para ficar doidão. Mudou também a forma de se consumir música. Ninguém mais vai à casa de amigos ouvir discos. Hoje você tem iPod, com mil canções sem muita importância. Isso repercute nos clubes. Tenho que brigar para poder tocar cinco horas. Os DJs de hoje só querem tocar duas horas. O cara chega, dá uma paulada e vai embora. Ser DJ não é isso.

Que lembranças você tem do Brasil?
Não gostei da segunda vez em São Paulo, em 1996 ou 1997. A primeira havia sido tão poderosa que, quando voltei, havia uma expectativa impossível de atender. Além disso, quase nunca me conectei com o Rio. Sou mais ligado a São Paulo. É um lugar difícil, violento. Mas as pessoas são autênticas.

Seu filho ouve música?
Ele só tem sete anos e gosta de ouvir David Guetta [DJ pop ultracomercial].

E você deixa?
Claro! Já pensou se meus pais tivessem me proibido de ouvir discos por serem um "lixo"? No Natal, pedi para o David mandar o álbum dele para o meu filho. No dia seguinte o CD chegou. Liguei agradecendo, e David disse: "Que bom que seu filho gosta, porque sei que você não gosta".

LBS

QUANDO amanhã, à meia-noite
ONDE D-Edge (al. Olga, 170, Barra Funda; tel. 3667-8334)
QUANTO de R$ 80 a R$ 150
CLASSIFICAÇÃO 18 anos


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