São Paulo, quarta-feira, 12 de abril de 2000


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"O RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE"
SP vê fábula áspera de dois heróis da periferia

da Reportagem Local


Acontece nesta noite a estréia em São Paulo, no festival É Tudo Verdade, do documentário "O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas", recém-finalizado, mas já um dos mais comentados filmes da recente produção nacional.
"Rap" chama a atenção, inicialmente, por ser o aguardado segundo trabalho de Paulo Caldas, co-diretor do altamente premiado "Baile Perfumado" (96/97), que, desta vez, conta com a parceria do carioca Marcelo Luna.
Na verdade, "Rap" fez seu début em aclamada exibição no último Festival do Cinema do Recife, há pouco mais de duas semanas.
É que Recife serve de cenário ao documentário. Mas as câmeras de Caldas e Luna oferecem um passeio um pouco longe das belas praias da cidade, em direção à periferia, uma paisagem que não consta dos cadernos de turismo.
O "é tudo verdade" de "Rap" diz respeito a dois "heróis" de um universo paralelo chamado bairro de Camaragibe, região barra-pesada que compõe a sombra labiríntica e desigual de uma metrópole que no caso é Recife, mas bem poderia ser São Paulo, Rio, BH, Porto Alegre.
Os "heróis" do filme são dois rapazes que têm seus destinos entrelaçados em cima de uma ponte qualquer do bairro: Garnisé e Helinho, jovens respeitados pela excluída comunidade local.
O primeiro integra uma banda de rap e usa a música para dar alguma atividade a meninos da rua. O segundo, um moleque com cara de anjo, é um matador que carrega nas mãos a autoria de 44 assassinatos confessos (dizem que, contas refeitas, são 65 em três anos). Assassinatos esses em nome de uma "higienização" social. Helinho só mata estupradores e assaltantes que barbarizam o bairro de Camaragibe. Cada um na sua, uma dupla de heróis.
Talentoso cinema de inspiradas edições de som e imagem, depoimentos e ação, feito em cima do fruto da conhecida imposição social. O que está em "Rap" não é novidade para quem acompanha noticiários de jornal. Mas incomoda. (LÚCIO RIBEIRO)


Avaliação:    


Filme: O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas Direção: Paulo Caldas e Marcelo Luna, Brasil, 2000, 76 min, 35 mm Quando: hoje, 21h
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, Paraíso. Tel. 238-1700). Entrada franca


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