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"O RAP DO PEQUENO PRÍNCIPE"
SP vê fábula áspera de dois heróis da periferia
da Reportagem Local
Acontece nesta noite a estréia
em São Paulo, no festival É Tudo
Verdade, do documentário "O
Rap do Pequeno Príncipe contra
as Almas Sebosas", recém-finalizado, mas já um dos mais comentados filmes da recente produção
nacional.
"Rap" chama a atenção, inicialmente, por ser o aguardado segundo trabalho de Paulo Caldas,
co-diretor do altamente premiado "Baile Perfumado" (96/97),
que, desta vez, conta com a parceria do carioca Marcelo Luna.
Na verdade, "Rap" fez seu début
em aclamada exibição no último
Festival do Cinema do Recife, há
pouco mais de duas semanas.
É que Recife serve de cenário ao
documentário. Mas as câmeras de
Caldas e Luna oferecem um passeio um pouco longe das belas
praias da cidade, em direção à periferia, uma paisagem que não
consta dos cadernos de turismo.
O "é tudo verdade" de "Rap" diz
respeito a dois "heróis" de um
universo paralelo chamado bairro de Camaragibe, região barra-pesada que compõe a sombra labiríntica e desigual de uma metrópole que no caso é Recife, mas
bem poderia ser São Paulo, Rio,
BH, Porto Alegre.
Os "heróis" do filme são dois rapazes que têm seus destinos entrelaçados em cima de uma ponte
qualquer do bairro: Garnisé e Helinho, jovens respeitados pela excluída comunidade local.
O primeiro integra uma banda
de rap e usa a música para dar alguma atividade a meninos da rua.
O segundo, um moleque com cara de anjo, é um matador que carrega nas mãos a autoria de 44 assassinatos confessos (dizem que,
contas refeitas, são 65 em três
anos). Assassinatos esses em nome de uma "higienização" social.
Helinho só mata estupradores e
assaltantes que barbarizam o
bairro de Camaragibe. Cada um
na sua, uma dupla de heróis.
Talentoso cinema de inspiradas
edições de som e imagem, depoimentos e ação, feito em cima do
fruto da conhecida imposição social. O que está em "Rap" não é
novidade para quem acompanha
noticiários de jornal. Mas incomoda.
(LÚCIO RIBEIRO)
Avaliação:
Filme: O Rap do Pequeno Príncipe
contra as Almas Sebosas
Direção: Paulo Caldas e Marcelo Luna,
Brasil, 2000, 76 min, 35 mm
Quando: hoje, 21h
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149,
Paraíso. Tel. 238-1700). Entrada franca
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