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ARTES PLÁSTICAS
Artista mineiro inaugura hoje mostra de esculturas e pinturas no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Amilcar investe em pedra e madeira
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Amilcar de Castro, 77, mudou,
embora diga que não. Conhecido
mundialmente por suas monumentais esculturas, o artista mineiro decidiu abrir mão -temporariamente- das chapas de ferro
cortadas e dobradas e investiu em
novas formas e materiais.
"Eu resolvi fazer uma pesquisa
de materiais em pedra e madeira.
As peças são menores porque a
baraúna, por exemplo, não ultrapassa aquele tamanho", disse.
"Quis fazer experiências com o
material e com as possibilidades
do espaço cúbico, já que os três
pedaços têm a mesma profundidade, altura e largura. Estou no
começo dessa pesquisa. Pode ser
que eu amplie essas obras, mas, no
momento, não estou interessado
nas escalas, mas na relação com
esse espaço cúbico."
Isso não significa um abandono
do ferro, que também está na
mostra. "Continuo achando o
ferro mais bonito, mas não é por
isso que deixo de fazer experiências", avisa.
Nas novas peças, o artista mineiro recupera e acentua as características gráficas já presentes em
seu trabalho (ele trabalhou como
diagramador e design gráfico) e na
obra de grande parte dos artistas
neoconcretos.
Montadas a partir do trabalho
do escultor sobre as três partes das
peças, como em um quebra-cabeça, as obras apresentam grande
poder de sedução. Não se contentam com o olhar e pedem o toque.
Seus cortes revelam novas figuras geométricas, que se multiplicam no espaço, criando outros volumes e campos de observação.
As peças trabalham com formas,
movimentos, campos cromáticos
e jogos gráficos a partir da superposição de suas partes, criando
ainda um desejo arquitetônico.
"Não tenho a intenção de criar
arquitetura, mas a noção do espaço arquitetônico está nas peças."
Em uma de suas composições
possíveis, a peça reproduz bandeirinhas e losangos, como em uma
tela de Volpi.
"Uma das quatro organizações
que a peça adquire é uma homenagem ao Volpi", admite Amilcar, que também homenageia
Guimarães Rosa ao gravar em
uma peça dois versos do escritor
("Passarinho que se debruça, o
vôo já está pronto").
Nas novas obras, permanece
ainda a busca do artista pela relação do volume com o espaço.
Vigorosas, esculturas e pinturas
apresentam um claro desejo de ordem, algo que percorre toda a sua
produção "ensimesmada", como
bem já definiu o crítico Lorenzo
Mammi.
Mostra: Amilcar de Castro (esculturas em
madeira, ferro e pedra e pinturas em
acrílica sobre tela)
Onde: Galeria de Arte Raquel Arnaud (r.
Artur de Azevedo, 401, tel. 883-6322,
Pinheiros)
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: de segunda a sexta, das 10h às
19h; sábado, das 11h às 14h
Quanto: esculturas de R$ 20 mil a R$ 50
mil; pinturas de R$ 7.200 a R$ 18.900
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