São Paulo, terça, 12 de maio de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
Artista mineiro inaugura hoje mostra de esculturas e pinturas no Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Amilcar investe em pedra e madeira

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

Amilcar de Castro, 77, mudou, embora diga que não. Conhecido mundialmente por suas monumentais esculturas, o artista mineiro decidiu abrir mão -temporariamente- das chapas de ferro cortadas e dobradas e investiu em novas formas e materiais.
"Eu resolvi fazer uma pesquisa de materiais em pedra e madeira. As peças são menores porque a baraúna, por exemplo, não ultrapassa aquele tamanho", disse.
"Quis fazer experiências com o material e com as possibilidades do espaço cúbico, já que os três pedaços têm a mesma profundidade, altura e largura. Estou no começo dessa pesquisa. Pode ser que eu amplie essas obras, mas, no momento, não estou interessado nas escalas, mas na relação com esse espaço cúbico."
Isso não significa um abandono do ferro, que também está na mostra. "Continuo achando o ferro mais bonito, mas não é por isso que deixo de fazer experiências", avisa.
Nas novas peças, o artista mineiro recupera e acentua as características gráficas já presentes em seu trabalho (ele trabalhou como diagramador e design gráfico) e na obra de grande parte dos artistas neoconcretos.
Montadas a partir do trabalho do escultor sobre as três partes das peças, como em um quebra-cabeça, as obras apresentam grande poder de sedução. Não se contentam com o olhar e pedem o toque.
Seus cortes revelam novas figuras geométricas, que se multiplicam no espaço, criando outros volumes e campos de observação.
As peças trabalham com formas, movimentos, campos cromáticos e jogos gráficos a partir da superposição de suas partes, criando ainda um desejo arquitetônico.
"Não tenho a intenção de criar arquitetura, mas a noção do espaço arquitetônico está nas peças."
Em uma de suas composições possíveis, a peça reproduz bandeirinhas e losangos, como em uma tela de Volpi.
"Uma das quatro organizações que a peça adquire é uma homenagem ao Volpi", admite Amilcar, que também homenageia Guimarães Rosa ao gravar em uma peça dois versos do escritor ("Passarinho que se debruça, o vôo já está pronto").
Nas novas obras, permanece ainda a busca do artista pela relação do volume com o espaço.
Vigorosas, esculturas e pinturas apresentam um claro desejo de ordem, algo que percorre toda a sua produção "ensimesmada", como bem já definiu o crítico Lorenzo Mammi.

Mostra: Amilcar de Castro (esculturas em madeira, ferro e pedra e pinturas em acrílica sobre tela) Onde: Galeria de Arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, tel. 883-6322, Pinheiros) Vernissage: hoje, às 20h Quando: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 11h às 14h Quanto: esculturas de R$ 20 mil a R$ 50 mil; pinturas de R$ 7.200 a R$ 18.900


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