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ERUDITO
Em versão concerto, a ópera mais popular de Saint-Saëns é o ponto alto do 91º aniversário do Teatro Municipal
"Sansão e Dalila" abandona cenografia
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A execução, em versão concerto, da ópera "Sansão e Dalila", do
compositor francês Camille
Saint-Saëns (1835-1921), é o ponto
alto do festival que comemora o
91º aniversário do Teatro Municipal de São Paulo.
Fazer uma ópera em versão
concerto significa interpretá-la
como se fosse um oratório. Abre-se mão de todos os elementos cênicos, como figurinos e cenários;
e a orquestra não toca no fosso,
mas em cima do palco, com o coro perfilado ao fundo.
No caso de "Sansão e Dalila", isso talvez signifique retomar as intenções iniciais de seu compositor, que, devido ao tema bíblico
escolhido, pensou em inicialmente fazer da obra um oratório, na
tradição de Händel e Mendelssohn. Foi o libretista Ferdinand
Lemaire quem convenceu Saint-Saëns a transformar sua criação
em uma ópera.
Estreada em Weimar (Alemanha), em 1877, "Sansão e Dalila"
("Samson et Dalila" em francês,
língua na qual ela é cantada) constitui, de longe, a mais popular das
13 óperas de seu compositor, e a
única delas a se conservar no repertório dos teatros de hoje.
De colorido orquestral brilhante, seus trechos mais conhecidos
são a pungente ária de mezzo-soprano "Mon Coeur s'Ouvre à Ta
Voix" ("Meu Coração se Abre à
Tua Voz"), do segundo ato, e a
"Bacanal" para orquestra, com
forte apelo exótico, do terceiro e
último ato.
Em São Paulo, Sansão, o líder
dos hebreus, é cantado pelo tenor
norte-americano Howard Haskin, enquanto Dalila, a filistéia
que o subjuga, fica a cargo da experiente mezzo-soprano argentina Graciela Alperyn, que já interpretou por aqui papéis como Carmen (na ópera homônima de Bizet) e Azucena (em "Il Trovatore", de Verdi).
O baixo brasileiro Fernando
Gazoni, aluno de Benito Maresca,
atua como Abimelech, o sátrapa
filisteu de Gaza. A Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Lírico
tocam sob a regência do norte-americano Ira Levin.
Diretor musical do Teatro Municipal, Levin volta ao palco da casa sexta-feira, às 16h30, como pianista, para interpretar o "Quinteto op. 81", de Dvorák, com o
Quarteto de Cordas da Cidade de
São Paulo (que traz agora o violinista Nelson Rios, ao lado da também violinista Betina Stegman, do
violista Marcelo Jaffé e do violoncelista Robert Suetholz), em programa complementado pelo
"Quarteto op. 125 nº 1", de Schubert. Dias 29 e 30, ele rege ainda a
"Sinfonia nº 6", de Mahler, longa
e de difícil execução.
Os festejos de aniversário do
teatro seguem no domingo, às
17h, com apresentação sem solista
da Orquestra Experimental de
Repertório, que, regida por Jamil
Maluf, toca a quarta sinfonia de
Schubert, e a sétima de Dvorák.
De 22 a 27 deste mês, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta as
coreografias "Res Ipsa", de Rami
Levi, e "Plenilúnio", de Susana
Yamauchi e João Maurício.
SANSÃO E DALILA. Ópera de Saint-Saëns em versão concerto. Quando: hoje,
sex. e seg., às 20h30. Onde: Teatro
Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº,
tel. 222-8698). Quanto: de R$ 10 a R$ 35.
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