São Paulo, quinta-feira, 12 de setembro de 2002

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ERUDITO

Em versão concerto, a ópera mais popular de Saint-Saëns é o ponto alto do 91º aniversário do Teatro Municipal

"Sansão e Dalila" abandona cenografia

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A execução, em versão concerto, da ópera "Sansão e Dalila", do compositor francês Camille Saint-Saëns (1835-1921), é o ponto alto do festival que comemora o 91º aniversário do Teatro Municipal de São Paulo.
Fazer uma ópera em versão concerto significa interpretá-la como se fosse um oratório. Abre-se mão de todos os elementos cênicos, como figurinos e cenários; e a orquestra não toca no fosso, mas em cima do palco, com o coro perfilado ao fundo.
No caso de "Sansão e Dalila", isso talvez signifique retomar as intenções iniciais de seu compositor, que, devido ao tema bíblico escolhido, pensou em inicialmente fazer da obra um oratório, na tradição de Händel e Mendelssohn. Foi o libretista Ferdinand Lemaire quem convenceu Saint-Saëns a transformar sua criação em uma ópera.
Estreada em Weimar (Alemanha), em 1877, "Sansão e Dalila" ("Samson et Dalila" em francês, língua na qual ela é cantada) constitui, de longe, a mais popular das 13 óperas de seu compositor, e a única delas a se conservar no repertório dos teatros de hoje.
De colorido orquestral brilhante, seus trechos mais conhecidos são a pungente ária de mezzo-soprano "Mon Coeur s'Ouvre à Ta Voix" ("Meu Coração se Abre à Tua Voz"), do segundo ato, e a "Bacanal" para orquestra, com forte apelo exótico, do terceiro e último ato.
Em São Paulo, Sansão, o líder dos hebreus, é cantado pelo tenor norte-americano Howard Haskin, enquanto Dalila, a filistéia que o subjuga, fica a cargo da experiente mezzo-soprano argentina Graciela Alperyn, que já interpretou por aqui papéis como Carmen (na ópera homônima de Bizet) e Azucena (em "Il Trovatore", de Verdi).
O baixo brasileiro Fernando Gazoni, aluno de Benito Maresca, atua como Abimelech, o sátrapa filisteu de Gaza. A Orquestra Sinfônica Municipal e o Coral Lírico tocam sob a regência do norte-americano Ira Levin.
Diretor musical do Teatro Municipal, Levin volta ao palco da casa sexta-feira, às 16h30, como pianista, para interpretar o "Quinteto op. 81", de Dvorák, com o Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo (que traz agora o violinista Nelson Rios, ao lado da também violinista Betina Stegman, do violista Marcelo Jaffé e do violoncelista Robert Suetholz), em programa complementado pelo "Quarteto op. 125 nº 1", de Schubert. Dias 29 e 30, ele rege ainda a "Sinfonia nº 6", de Mahler, longa e de difícil execução.
Os festejos de aniversário do teatro seguem no domingo, às 17h, com apresentação sem solista da Orquestra Experimental de Repertório, que, regida por Jamil Maluf, toca a quarta sinfonia de Schubert, e a sétima de Dvorák. De 22 a 27 deste mês, o Balé da Cidade de São Paulo apresenta as coreografias "Res Ipsa", de Rami Levi, e "Plenilúnio", de Susana Yamauchi e João Maurício.


SANSÃO E DALILA. Ópera de Saint-Saëns em versão concerto. Quando: hoje, sex. e seg., às 20h30. Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698). Quanto: de R$ 10 a R$ 35.



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