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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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DANÇA

Grupo japonês de dança-teatro se apresenta pela primeira vez no Brasil

Pappa Tarahumara navega nos passos da inquietude

Divulgação
Cena de "Ship in a View", coreografia de Hiroshi Koike, em cartaz hoje e amanhã, em São Paulo


KATIA CALSAVARA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Enquanto crescia, o menino Hiroshi Koike mal imaginava que o cenário de estaleiros navais da cidade em que nasceu, a industrial Hitachi, a cerca de 40 quilômetros de Tóquio, serviria como eixo do espetáculo que faria anos depois como coreógrafo e diretor da cia. de dança-teatro Pappa Tarahumara, que mostra "Ship in a View" ("Navio à Vista") hoje e amanhã no Sesc Vila Mariana.
Pela primeira vez no Brasil, o grupo fundado por Koike em 1982 exibe o resultado da mistura de dança, teatro, canto e iluminação de última geração nas mãos e pés dos japoneses. Uma performance que se destaca na fronteira da demarcação e do improviso.
"Ship in a View" é baseado nas minhas memórias de infância em Hitachi nos anos 60. Lá havia muitas indústrias de agricultura, pesca e produtos manufaturados. Foi uma era de conflito entre a velha e a nova indústria, entre os velhos e novos japoneses e isso também causava conflitos na sociedade", diz Koike, 46, em entrevista à Folha.
O coreógrafo diz também que não gosta de se limitar a nenhum gênero de arte. "Trabalho sempre com a colaboração de outros artistas e não gosto de rotular meu trabalho como sendo deste ou daquele tipo. Performances de arte são performances de arte."
É possível perceber algo de diferente no (m)ar de Koike assim que a cortina se abre. A iluminação, a cargo de Yukiko Sekine, cria um ambiente sombrio e ideal para a navegação dos passos, predominantemente iluminados por tons de azul e branco.
O Pappa Tarahumara é um dos grupos mais atuantes nas artes cênicas do Japão e é subsidiado pela Fundação Japão, entre outras entidades. Com mais de 30 obras no repertório, só no ano passado eles fizeram 283 apresentações e foram vistos por mais de 80 mil espectadores.
A maioria das obras da companhia são permeadas pela temática da descoberta. Para Koike, perguntas como "De onde viemos?", "Para onde vamos?" procuram respostas além da vida, também no palco. "Essas questões são muito importantes para nós e acredito que também são para a maioria das pessoas que vivem no século 21."
As inquietações dos homens em uma cidade que é litorânea e ao mesmo tempo industrializada são a essência de "Ship in a View".

PAPPA TARAHUMARA. Companhia japonesa de dança-teatro. Quando: hoje e amanhã, às 21h, no Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, tel. 5080-3000. Quanto: de R$ 5 a R$ 15.


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