São Paulo, sábado, 13 de janeiro de 2001

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Lost Boyz superam morte de rapper

FREE-LANCE PARA FOLHA

Menos de um ano após o assassinato de um de seus integrantes, morto com um tiro na nuca no bairro nova-iorquino do Queens, o Lost Boyz lançou nos Estados Unidos seu terceiro disco, "L.B. Fam IV Life".
Além disso, o show de hoje à noite no sambódromo será a primeira apresentação do grupo na América Latina.
"Sempre conhecemos brasileiros pelo mundo afora, na Europa, no Japão, e agora vamos tocar aí na sua terra, estamos ansiosos", fala o vocalista Pretty Lou. O Lost Boyz promete um retrospecto de toda sua carreira, mostrando para o público sucessos de seus dois primeiros discos, "Legal Drug Money" e "Love, Peace and Nappiness" -que tem algumas boas batidas que devem dar uma sacudida no Anhembi.
Pretty Lou não fala muito sobre a morte de Freaky Tah, aos 27 anos, em março passado. "O assassino confessou o crime e está preso há meses", conta o rapper. Questionado sobre os motivos do assassinato a sangue frio, Lou desconversa: "Não faço idéia".
Tah foi morto no mesmo bairro nova-iorquino onde o grupo nasceu, no começo da década de 90, o Queens, e o assassino confesso do rapper foi capturado poucas semanas depois.
Nas letras do grupo sobram brigas, maconha e violência, mas Pretty Lou diz que os temas nada têm a ver com o assassinato de seu colega. Ele também nega qualquer apologia às drogas. "Somos contra", garante.
O Lost Boyz tem algumas semelhanças com rappers brasileiros, como martelar nas músicas os temas violência, drogas, sexo e revolta contra injustiças sociais.
Apesar de ter emplacado uma ou outra música nas paradas brasileiras há alguns anos, o grupo é mais conhecido mesmo nos Estados Unidos, onde tem legiões de fãs fiéis, entre eles muitos skatistas. Não é tarefa fácil achar um disco do Lost Boyz em São Paulo.
Na semana passada a reportagem da Folha percorreu todas as galerias do centro de São Paulo e só achou um disco da banda, em uma única lojinha. Outras lojas especializadas pela cidade afora também não tinham nenhum dos trabalhos do grupo.
Os rappers querem agora fazer uma performance empolgante no Anhembi, o que pode preparar terreno para um bom lançamento do novo álbum no Brasil.
Lou, um legítimo gangsta rapper de Nova York, mostrou-se interessado nas atrações de nosso país. Ao final da entrevista, disparou: "É verdade que agora é verão aí? Quanto graus?", perguntou. "E que tal as mulheres brasileiras?", perguntou o rapper, duas vezes.
Lou gosta do tema. Algumas letras dos Lost Boyz fazem menção às "chiks", termo pouco elogioso para se referir a certas garotas, que não pode ser traduzido aqui. Como todo bom artista estrangeiro, além do entusiasmo pelas brasileiras, Pretty Lou também não sabia muito sobre o Brasil e espantou-se ao ser informado que a cidade de São Paulo tem mais de 10 milhões de habitantes.
Mas nada disso realmente importa na hora do show, já que os rappers americanos prometem gás total para animar a platéia brasileira.
"Tragam água, venham com energia e vamos curtir juntos o show, com muita paz", conclama o animado Pretty Lou. (LB)


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