Núcleo Bartolomeu faz hoje mais uma edição do zap; a primeira competição de slam brasileira segue regras internacionais

Apresentação faz parte da programação que o grupo realiza, sempre nas noites de quinta-feira, em seu galpão-sede na Pompeia

Karime Xavier/Folha Imagem

Xuxu e Roberta Estrela D’Alva apresentam o zap

DA REPORTAGEM LOCAL

Entrar na fase de ensaios não significa sumir do mapa, ao menos para o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Enquanto prepara um espetáculo para o segundo semestre, a companhia tem feito de sua sede na Pompeia um ponto de significativo movimento.
Especialmente às quintas, dia em que o galpão alugado pelo grupo abriga leituras dramáticas e, inédita em São Paulo, uma competição entre poetas com regras de um jogo internacional chamado slam.
Hoje à noite, quem quiser entender um pouco como funciona essa espécie de batalha com raízes no movimento hip-hop vai ter mais uma oportunidade a partir das 20h.
O slam dos bartolomeus acontece toda segunda quinta-feira do mês e tem como ponto forte (ou ao menos inusitado) uma mistura entre intelectuais bichos-grilos e uma espécie de ala nerd do movimento hip-hop. Tudo organizado em clima de sarau, com vinho e torta de frango sendo vendidos ao som black do DJ Eugênio Lima.
O jogo realmente funciona, não só por conta dessa mistura transcendental, mas também pela ativa participação da plateia. Os jurados são escolhidos entre espectadores por Roberta Estrela D'Alva, a organizadora e apresentadora do evento.
A atriz conheceu o slam em um de seus berços, o Nuyorican Poets Cafe de Nova York. Foi ali também que descobriu mais de 500 comunidades relacionadas espalhadas pelo mundo, conta. Há pontos expressivos na Europa e na África.
A última edição encheu de gente, mesmo com Mano Brown se apresentando ali do lado, no Sesc Pompeia. "Pode dar nota baixa que ninguém vai te bater, tá?", convidou ela, bem-humorada, entregando um cardápio de números impressos em sulfite plastificado.
Neste momento, uma turma de manos entrava pela porta do galpão acompanhada por Xuxu, uma espécie de mestre de cerimônias fashion, de patins.
Os poetas, eliminados um a um em três etapas de competição, de fato tinham algum talento. Os jurados não deram nota menor do que sete, apoiados por aplausos ou reprovados com vaias da plateia.
Também às quintas, o grupo faz a Dramaturgia Concisa Contemporânea. Quem quiser pode levar seu próprio texto, depositá-lo em um saco e esperar pelo sorteio. Claudia Shapira é quem saca os textos para serem lidos por um time de atores que muda a cada edição.
Um veterano comenta tudo.
Na última edição, foi a vez de o escritor Marcelino Freire fazer a função de crítico. Sem dó, mas com bons conselhos para os participantes.