DA REPORTAGEM LOCAL

A dupla cubana Los Carpinteros, que já foi um trio, mas agora é composta apenas por Dagoberto Sanchez e Marco Valdez, traz a São Paulo, também na galeria Fortes Vilaça, seis desenhos que fazem parte de seu repertório de invenções.
Explicando: os artistas sempre partem de desenhos, com acabamento primoroso, para compor projetos que se concretizam de acordo com os convites que a dupla recebe para expor.
Seis desses ensaios, parte do banco de idéias dos artistas, estão expostos no mezanino da galeria. Um desenho semelhante a uma das obras expostas, que compreende um amontoado de tijolos, foi adquirido recentemente pelo Museu de Arte Moderna de Nova York.
A dupla assina em conjunto cada obra e nunca seu autor é identificado, um trabalho de colaboração que dispensa assinaturas individuais. "Gostamos de ver a reação das pessoas frente às nossas obras sem saberem quem foi de fato o criador", diz Sanchez.
Los Carpinteros, como o nome já indica, têm uma pesquisa sobre construções arquitetônicas. "Temos uma investigação sobre o espaço. Nos interessa pensar em como as pessoas vivem", conta o artista cubano.
Dos desenhos apresentados, dois deles serão materializados na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, no mês de outubro. Lá, a dupla irá criar um traçado urbano feito por cinco imóveis que, na verdade, são compostos por diversas gavetas.
"Aqui, trabalhamos com a ilusão de que algo pode ser usado", diz Sanchez.
No ano passado, Los Carpinteros participaram da Bienal de São Paulo. Uma das torres montadas no evento brasileiro segue agora para Viena.
A dupla vive em Havana e inaugura lá, no próximo mês, uma instalação em frente a uma escola. "Temos um boa carreira internacional, mas mesmo com as dificuldades de nosso país, não nos interessa sair de Havana", afirma Sanchez.
(FABIO CYPRIANO)