São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

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Paulinho apresenta seu "lado B"

De volta aos teatros, sambista inicia hoje temporada de quatro semanas em nova sala de São Paulo

Show em auditório, formato que cantor não adota há 17 anos, tem músicas antigas e menos conhecidas, além de parcerias mais recentes


Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Paulinho da Viola, 63, que estréia show com roteiro flexível


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Quem for ao novo teatro Fecap ver Paulinho da Viola deve estar prevenido: os clássicos "Argumento" e "Foi Um Rio que Passou em Minha Vida" só têm chance de entrar no bis. O roteiro preparado pelo cantor e compositor privilegia sambas menos conhecidos, mas que estão entre os seus preferidos.
A opção se justifica pelo formato do show: em uma sala de 400 poltronas, sem bebidas fazendo barulho em mesas. Desde que apresentou "Eu Canto Samba", no teatro Clara Nunes, no Rio, há 17 anos, Paulinho não realizava uma temporada assim. Serão quatro semanas a partir de hoje -mais até do que as três semanas no Canecão, em 1997, de "Bebadosamba", seu último show "de carreira".
"Nessas temporadas, mesmo que a estréia seja impecável, você tem tempo de ir ajustando o show, melhorando. E há tempo para fazer variações no repertório", argumenta Paulinho, 63, que já fez shows históricos em teatros, como "Rosa de Ouro" (1965), "Sarau" (1973), "Vela no Breu" (1977) e "Prisma Luminoso" (1983).
Não há, portanto, um roteiro inflexível. Acompanhado por cinco músicos que tocam há muito tempo com ele e pelo filho João Rabello no violão, Paulinho tem condições de fazer mudanças a cada noite. Um momento que estará sempre em aberto é o voz e violão, em que ele fica sozinho no palco.
"É a hora de eu cantar sambas de compositores de que gosto muito, como Valzinho, Geraldo Pereira, Wilson Batista, Cartola, Nelson Cavaquinho. Vou tocar o que estiver com vontade", diz.
Também há o bloco dedicado ao choro, todo instrumental, como Paulinho prefere o gênero. Os irmãos Izaías e Israel Bueno de Almeida são os convidados. "Choro Negro" e "Beliscando", entre outras peças de Paulinho, e "Cochichando", de Pixinguinha, estão previstos.
Do "lado B" de sua obra, ele selecionou grandes sambas como "Depois de Tanto Amor", do disco que fez com Elton Medeiros em 68. "Sem Ela Eu Não Vou" é do mesmo ano, mas de outro disco. Do álbum de 71 que leva seu nome vêm "Num Samba Curto" e "Nas Ondas da Noite". Do famoso "Nervos de Aço" (1973), saiu "Comprimido".
"Das mais conhecidas, acho que só há "Dança da Solidão" e "Coração Leviano". Sei que o pessoal pode ficar perguntando: "E aquela? E aquela?". Mas procurei ter cuidado com a idéia de um show despojado", explica ele.

Parcerias
Paulinho ainda tirou do baú uma jóia de Sidney Miller (1945-1980) que gravou em 82: "Nós os Foliões". Na época, usou como introdução da faixa a fita que recebeu com o samba interpretado pela voz e o violão de Miller. Agora, interpreta em dois tempos: com a harmonia original do autor e com o arranjo que fez em 82.
Também estão no show músicas ainda não gravadas por Paulinho -que há dez anos não lança um CD de inéditas. São os casos de "Ela Sabe Quem Eu Sou", criação recente, e "Sempre se Pode Sonhar", parceria com Eduardo Gudin que está no novo disco do compositor paulista. Outras são "Pra Mais Ninguém", gravada por Marisa Monte, e "Talismã", parceria de Paulinho com Marisa e Arnaldo Antunes.
"Eu deixei uma melodia de um tipo de samba bem antigo com eles e falei que era um desafio. E eles puseram a letra. É uma parceria inusitada", diz Paulinho.

PAULINHO DA VIOLA
Quando:
qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h; até 8/10
Onde: teatro Fecap (av. da Liberdade, 532, tel. 0800-551902)
Quanto: R$ 80


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