São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003
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CINEMA Em 12 documentários exibidos gratuitamente no CCBB, os cineastas João e Walter Salles retratam de pessoas a países Mostra reúne filmes dos irmãos Salles
SILVANA ARANTES DA REPORTAGEM LOCAL Uma pessoa em particular, um país inteiro, uma paixão coletiva. São múltiplos e distintos os temas dos 12 documentários dirigidos pelos irmãos Walter e João Moreira Salles, que o Centro Cultural Banco do Brasil exibe, a partir de hoje e até o próximo dia 26, em mostra gratuita. A abertura, às 19h, terá dois exemplares de filmes que focam um personagem em especial. "Poesia É Uma ou Duas Linhas e Atrás Uma Imensa Paisagem" (89), de João Moreira Salles, versa sobre a poeta Ana Cristina César (1952-1983). "Frans Krajcberg - O Poeta dos Vestígios" (87), de Walter Salles, perfila o artista plástico polonês radicado no Brasil. Na categoria das obras que radiografam um país, o público poderá rever "China - O Império do Centro" (87) e "América" (89). O futebol é o tema de "Depois da Partida", que João Salles co-dirigiu com Arthur Fontes, em 98. Há outros perfilados ilustres, como em "Jorge Amado" (92), de João Salles, e "Chico Buarque ou o País da Delicadeza Perdida" (89), de Walter Salles e Nelson Motta. Na seleção do curador Amir Labaki, articulista da Folha, não ficaram de fora o (até aqui) mais destacado documentário de João Salles -"Notícias de Uma Guerra Particular", feito em parceria com a cineasta Katia Lund, em 99- e o grande achado de Walter Salles -"Socorro Nobre" (95), que aborda a correspondência entre a detenta Socorro Nobre e o artista Frans Krajcberg. À parte os trabalhos documentais exibidos nessa retrospectiva, Walter Salles realizou cinco longas de ficção, incluindo o sucesso "Central do Brasil" (98), e prepara seu sexto filme ficcional, "Diários de Motocicleta", baseado numa experiência de juventude do líder revolucionário Che Guevara. João Moreira Salles permanece integralmente dedicado ao cinema documental. O diretor tem pronto e inédito um longa-metragem sobre o pianista Nelson Freire, com lançamento previsto para este ano nos cinemas, e realiza atualmente a montagem de "Diários de Campanha", documentário sobre a campanha presidencial de Lula. "Ao contemplar a algaravia dos documentários que serão exibidos, percebo que ainda não possuo um idioma próprio", diz João Moreira Salles. O diretor se explica: "Comecei trabalhando com o modo expositivo ("China", "América"), passei por um período de experiências (blues e Ana Cristina Cesar), fiz documentários celebratórios ("Jorge Amado", Krajcberg e Caetano [roteiro e texto"), me encantei por uma versão bastarda do cinema direto ("Futebol" e os episódios de "Seis Histórias"), incursionei no filme de reportagem ("Notícias de Uma Guerra Particular")". João Salles diz que, com "Nelson Freire", deu "um passo em direção a algo mais pessoal". E com o filme sobre Lula, incorporou o processo de filmagem à narrativa. "Percebi, durante as filmagens, que as transformações mais interessantes estavam acontecendo dentro da minha equipe. Passei a filmá-los, não para tornar transparente a arquitetura do filme, mas porque diante de mim eu tinha amigos e colaboradores respondendo de forma extraordinária àquilo que eu me dispusera a documentar -o processo eleitoral." OS IRMÃOS SALLES - JOÃO E WALTER, DOCUMENTARISTAS - Mostra de documentários dos cineastas. Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, Centro, 3113-3651). Quando: de hoje, às 19h, ao dia 26. Quanto: grátis. Próximo Texto: Análise: Cineastas abriram caminho para a retomada nacional Índice |
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