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MÚSICA
Artista apresenta novo CD
Careqa se diz "filho de ninguém" na MPB
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
A paternidade -do homem, do
cantor e compositor (im)popular,
da música brasileira, do país- é o
tema central do novo álbum do
paranaense Carlos Careqa, 42,
que o mostra a São Paulo em
show hoje, no Itaú Cultural.
O disco se chama "Não Sou Filho de Ninguém", provocação remetida em primeira instância à
MPB que o mantém como filho
não reconhecido, "maldito".
"O disco surgiu há um ano,
quando pedi que meu parceiro
Adriano Sátiro escrevesse uma letra sobre esse assunto de ter de ser
filho de alguém para fazer sucesso
no Brasil", explica. "Parece-me
que os caras só pensam que fazer
música está relacionado com os
fatores fama e mídia. Ninguém
quer buscar outros caminhos."
Dadas as muitas dúvidas de origem, a letra da faixa-título brinca
de especular: seria o homem que
canta filho de Gilberto Gil, de Chitãozinho e Xororó, de Chico
Buarque, de Lacraia?
A condição de imigrante em
São Paulo conduz à letra de "Eh!
São Paulo", que subverte frases de
Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Caetano Veloso, Tom Zé etc.
"É uma anti-homenagem. Seria
muito chover no molhado cantar
somente as belezas da cidade."
"Quando a gente chega a São
Paulo tudo é tão fascinante. Mas
foi uma decepção tão grande ver a
Ipiranga com a São João: "Então é
isso?'", lembra, ladeando a filiação tropicalista via "Sampa" (78).
Mesmo tropicalista, acolhe no
disco gêneros alijados por aquela
vertente, hoje hegemônica, como
samba, cantiga junina, poesia de
Itamar Assumpção (em "Pai Postiço", de novo o tema paternidade, em dueto com Jards Macalé),
as vozes de André Abujamra, Zeca Baleiro e Chico César, romantismo desbragado em letra ("Meu
Querido Santo Antônio") e música ("Língua de Babel").
Desvia-se de filiações musicais
como se fugisse na rua dos pingos
de uma chuva brava: "Não sou filho da vanguarda paulistana, apesar de ter bebido muito nessa fonte. O rock'n'roll não me reconheceu como filho, muito menos o
pop". Mas se acompanha de sua
mãe e seu pai nas fotos, como a
restaurar paternidades perdidas.
"Não Sou Filho de Ninguém" é
fruto de três anos de terapia, confessa o filho de todo mundo.
NÃO SOU FILHO DE NINGUÉM.
Disco
independente e show (av. Paulista, 149,
tel. 3268-1776/1777). Quando: show
hoje, às 19h30. Quanto: entrada gratuita
(show) e R$ 30, em média (disco).
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