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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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"ANDY WARHOL: POLARÓIDES E KEITH HARING"

Mostra aproxima produções heterogêneas, mas conexão é frouxa

Gotas de pop se fundem ao centro paulistano

Tuca Vieira - 29.mai.2003/Folha Imagem
Obras do artista plástico norte-americano Keith Haring, durante montagem da exposição no CCBB


FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

Qual o nexo entre a polaróide de alguém famoso e um grafite de bonequinhos em pose de sacanagem? A mostra de Andy Warhol (1928-1987) e Keith Haring (1958-1990) aproxima produções heterogêneas, cujo ponto em comum é a referência ao mundo pop nova-iorquino.
A curadoria é precisa ao agrupar obras coesas de cada artista no CCBB. Duas salas exibem a produção gráfica de Haring, e o subsolo encadeia sequência de ensaios fotográficos de Warhol.
Warhol foi mestre em associar experimentalismo plástico com estratégia de consagração social. Ao longo dos anos 60, construiu uma rede de conexões pessoais que iam desde a cena rock até o jet set, garantindo para si o papel de estrela. Aproveitava para selecionar idéias alheias, tornando-as tema de obras produzidas em série por meio de processos mecânicos baseados na fotografia.
As polaróides são uma das raras etapas de trabalho em que Warhol assumia a posição de criador da própria obra. Em vez de tomar imagens emprestadas, dirigia sessões de retrato que serviam de esboço para futuras serigrafias.
As 77 fotos em exibição revelam o senso compositivo do diretor. Os modelos aparecem posando contra um fundo próximo, criando sombras contrastantes.
Por outro lado, destaca-se o cuidado na escolha interessada de celebridades. Pelé, Jimmy Carter e Farah Diba Pahlavi são algumas das marcas que garantiam sucesso antecipado a qualquer retrato dos anos 70. O momento da invenção é indissociável do planejamento do impacto da obra.
Quando Haring iniciou sua produção na década de oitenta, a linguagem urbana nova-iorquina já tinha lugar garantido no mundo da arte. O estudante da New York School of Visual Arts apropriou-se da técnica e imagens do grafite, levando-as para o mundo de galerias e museus. A amizade com Warhol reforçou a identidade pop do jovem, cuja carreira meteórica encerrou-se aos 31.
As 55 obras de Haring trazidas ao Brasil evidenciam operações construtivas a partir de elementos recorrentes, como golfinhos, discos voadores, bonecos e espermatozóides. O traço sintético serve de base para cenas narrativas com temas engajados, como a política norte-americana e a revolução sexual.
Entretanto, a conexão entre ambas as mostras é frouxa. Confrontados com a praça da Sé logo ao lado, os artistas parecem dois a mais no mundo pop paulistano.

Andy Warhol: Polaróides e Keith Haring


   
Quando: De ter. a dom.: das 12h às 20h. Até 20/7
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, região central, tel. 3113-3651)
Quanto: entrada franca


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