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"ANDY WARHOL: POLARÓIDES E KEITH HARING"
Mostra aproxima produções heterogêneas, mas conexão é frouxa
Gotas de pop se fundem ao centro paulistano
Tuca Vieira - 29.mai.2003/Folha Imagem
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Obras do artista plástico norte-americano Keith Haring, durante montagem da exposição no CCBB |
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
Qual o nexo entre a polaróide de alguém famoso e um
grafite de bonequinhos em pose
de sacanagem? A mostra de Andy
Warhol (1928-1987) e Keith Haring (1958-1990) aproxima produções heterogêneas, cujo ponto
em comum é a referência ao mundo pop nova-iorquino.
A curadoria é precisa ao agrupar obras coesas de cada artista
no CCBB. Duas salas exibem a
produção gráfica de Haring, e o
subsolo encadeia sequência de
ensaios fotográficos de Warhol.
Warhol foi mestre em associar
experimentalismo plástico com
estratégia de consagração social.
Ao longo dos anos 60, construiu
uma rede de conexões pessoais
que iam desde a cena rock até o jet
set, garantindo para si o papel de
estrela. Aproveitava para selecionar idéias alheias, tornando-as tema de obras produzidas em série
por meio de processos mecânicos
baseados na fotografia.
As polaróides são uma das raras
etapas de trabalho em que Warhol assumia a posição de criador
da própria obra. Em vez de tomar
imagens emprestadas, dirigia sessões de retrato que serviam de esboço para futuras serigrafias.
As 77 fotos em exibição revelam
o senso compositivo do diretor.
Os modelos aparecem posando
contra um fundo próximo, criando sombras contrastantes.
Por outro lado, destaca-se o cuidado na escolha interessada de
celebridades. Pelé, Jimmy Carter e
Farah Diba Pahlavi são algumas
das marcas que garantiam sucesso antecipado a qualquer retrato
dos anos 70. O momento da invenção é indissociável do planejamento do impacto da obra.
Quando Haring iniciou sua produção na década de oitenta, a linguagem urbana nova-iorquina já
tinha lugar garantido no mundo
da arte. O estudante da New York
School of Visual Arts apropriou-se da técnica e imagens do grafite,
levando-as para o mundo de galerias e museus. A amizade com
Warhol reforçou a identidade
pop do jovem, cuja carreira meteórica encerrou-se aos 31.
As 55 obras de Haring trazidas
ao Brasil evidenciam operações
construtivas a partir de elementos
recorrentes, como golfinhos, discos voadores, bonecos e espermatozóides. O traço sintético serve
de base para cenas narrativas com
temas engajados, como a política
norte-americana e a revolução sexual.
Entretanto, a conexão entre ambas as mostras é frouxa. Confrontados com a praça da Sé logo ao
lado, os artistas parecem dois a
mais no mundo pop paulistano.
Andy Warhol: Polaróides e Keith Haring
Quando: De ter. a dom.: das 12h às 20h.
Até 20/7
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 112, região central,
tel. 3113-3651)
Quanto: entrada franca
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