ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

Além de uma perspectiva da videoarte alemã em seus primeiros 30 anos, a mostra "Video-Instalação na Alemanha: 1963-1990", que o Paço das Artes inaugura hoje, acaba sendo também um registro sobre de que maneira o vídeo e o próprio aparelho de televisão têm sido encarados com o passar do tempo.
A mostra tem início com três fotografias de "Exposition of Music - Electronic Television", que um dos principais expoentes mundiais da videoarte, Nam June Paik, realizou em 1963.
"Esses artistas da primeira geração da videoescultura alemã têm em comum uma formação mais clássica em arte. Paik, por exemplo, estudou música. Wolf Vostell é formado em belas artes", explica Jochen Saueracker, curador-assistente e responsável pela montagem da exposição.
Itinerante, a mostra tem curadoria de Wulf Herzogenrath, foi concebida para o Instituto de Relações Exteriores da Alemanha e é mostrada pela 29ª vez em oito anos.
"A exposição tem um caráter histórico e também didático, já que reúne diversas maneiras de expressão através da videoarte", diz Saueracker.
Os modos de expressão diversos são resultado da sucessão de gerações envolvida pela mostra. Nos anos 60, um aspecto mais mítico rondava a televisão, e o próprio objeto estava no centro da discussão. A consolidação do meio e a inserção de questões políticas são a tônica dos trabalhos nos anos 70, como os de Vostell e de Reiner Ruthenbeck. Nas décadas seguintes, a produção de vídeos críticos e metalinguísticos é intensificada, como mostram os homens-máquina de Claus Böhmler ou o belo "Réquiem para um Carvalho", de Ulrike Rosenbach.
Jeffrey Shaw, fundador e diretor do Instituto para Mídia Visual, em Karlsruhe, fala sobre "Artemídia na Alemanha a partir de 1990", amanhã, às 17h e às 19h30, no Instituto Goethe (r. Lisboa, 974, tel. 3088-4288).