UOL


São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

Próximo Texto | Índice

CINEMA

Poucas horas de trabalho e prestígio fácil atraem atores como Brad Pitt a emprestar sua voz às animações na tela

Dublagem vira bom negócio para atores

Divulgação
Cena de "Sinbad: A Lenda dos Sete Mares", animação que conta com as vozes de Brad Pitt, Catherine Zeta-Jones e Michelle Pfeiffer


NANCY GRIFFIN
DO "NEW YORK TIMES"

Por pura coincidência, os dois papéis atuais de Brad Pitt são heróis mitológicos. Para interpretar o papel-título na nova animação da DreamWorks, "Sinbad: A Lenda dos Sete Mares" [em cartaz no país], Pitt passou cerca de 20 horas gravando falas em um estúdio equipado com ar condicionado em Los Angeles, e bem abastecido de sua pizza favorita.
Para interpretar Aquiles em "Tróia" [sem previsão de estréia], épico de ação de Wolfgang Petersen, Pitt já está há 10 semanas em locação em Malta, onde seu dia de trabalho inclui puxar ferro para manter a musculatura de guerreiro e combater os troianos sob sol ardente, usando um capacete metálico, armadura e uma minissaia ao estilo da antiguidade clássica.
"Gravei minha parte em "Sinbad" a dez minutos de casa", disse Pitt ao telefone, da Europa, soando saudoso. "Eu chegava, gravava algumas falas e voltava para casa. Era um trabalho bem leve, solto, a completa antítese de "Tróia", que exige treinamento e investigação da história. "Sinbad" era mais chegar lá e me divertir."
Não há necessidade de cabeleireiro ou maquiador, nem de um personal trainer presente, e o dia de trabalho tem apenas quatro horas. Esses são apenas alguns dos atrativos que vêm conduzindo atores como Jim Carrey, Will Smith e Robin Williams ao elenco de filmes de animação.
Os estúdios e os astros de Hollywood perceberam que trabalhar em filmes de animação é vantajoso para todos: os estúdios recebem o poder de promoção das celebridades, mas lhes pagam salários mínimos (o cachê padrão dos dubladores, mesmo os astros, é de US$ 10 mil ao dia); os atores conquistam crédito prestigioso investindo o mínimo de energia.

Baixo risco
Hoje em dia, os atores acham que os melhores personagens têm guelras, pêlos ou penas. Ellen DeGeneres e Albert Brooks tiveram o maior sucesso de suas carreiras como peixes, em "Procurando Nemo" [em cartaz]; Bill Murray assinou para ser a voz do gato Garfield; o burrico de Eddie Murphy estará de volta em "Shrek 2" [previsão: 2004]. Smith será um peixe em "Sharkslayer", Carrey será um guaxinim em "Over the Hedge" e Williams terá o papel de pinguim em "Happy Feet" [todos sem previsão de estréia].
São trabalhos de baixo risco: ninguém culpa os astros caso um desenho fracasse. As carreiras de Drew Barrymore e Matt Damon não sofreram com o mau desempenho de "Titan". Foi Williams quem iniciou a corrida para a animação, em 92, quando "Aladim" deixou o gênio sair da garrafa.
Já a poderosa Pixar (distribuída pela Disney) está em categoria à parte. "A estrela dos filmes da Pixar é a Pixar", disse Terry Press, diretor da DreamWorks. Mesmo assim, a Pixar usou Tom Hanks (nos dois "Toy Story"), John Goodman e Billy Crystal em "Monstros S.A.", e seu "Vida de Inseto" foi um dos primeiros filmes de animação com comerciais de TV apresentando imagens de um ator criando a voz de um personagem (no caso, Kevin Spacey).
Mas será que alguém realmente se incomoda com quem fornece a voz de um sapo ou de uma princesa? Decerto ninguém lembra da responsável pela voz da Branca de Neve (37), papel pelo qual Adriana Caselotti não recebeu sequer crédito na tela. "Não imagino que uma criança de quatro ou cinco anos se preocupe com o elenco", diz Katzenberg, "mas é você quem leva a criança ao cinema".

Tradução Paulo Migliacci


Próximo Texto: Em "Sinbad", Pitt dá lugar a Thiago Lacerda
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.