São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

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Mostra no CCSP embala produção recente do cinema argentino

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

No embalo da estréia de "A Menina Santa", de Lucrecia Martel, o Centro Cultural São Paulo organiza de hoje até o próximo dia 25 uma mostra em DVD contemplando a nova produção argentina. Ao todo são cinco filmes, feitos entre 2001 e 2004, de diretores jovens e veteranos).
O ciclo começa com "Histórias Mínimas", terceiro longa de Carlos Sorin, um road movie sobre três pessoas que viajam pelas estradas da Patagônia.
Feito com uma equipe diminuta, de apenas 13 pessoas, e com atores estreantes -à exceção de Javier Lombardo-, em suas profissões reais, a produção acaba sendo quase um documentário sobre os personagens daquela região argentina e deixa um senhor de 80 anos roubar a cena. Em certo momento, uma moça lhe pergunta o que ele faz andando pela Patagônia: "Mato o tempo", diz. "E já matou muito?", retruca ela. "Bastante."
É esse rir de si mesmo que está muito presente nas desgraças argentinas. Como em "Valentin", de Alejandro Agresti, saga de um garoto que é criado pela avó porque o pai está sempre muito ocupado trabalhando e a mãe o abandonou. Ingênuo, o menino, aos oito anos, já tem uma definição do mundo: "A vida é um talharim", diz, preocupado em superar problemas com que muitos adultos não saberiam lidar.

Inéditos
Mas a mostra não é feita apenas de filmes que já estrearam nas salas brasileiras. Há duas produções que não passaram pelo circuito comercial do Brasil.
O primeiro "lançamento", a ser exibido hoje, é "Bar "El Chino'", de Daniel Burak, sobre uma jornalista que resolve fazer um documentário sobre um estabelecimento que leva o apelido do dono e reúne artistas e apaixonados pelo tango.
Logo após a estréia de Burak na direção é exibido "Herencia", da também estreante Paula Hernández. Já exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado, gira em torno de uma italiana e um alemão que imigram para a Argentina e a descoberta da paixão e de um novo rumo para suas vidas.
Completa a programação "O Abraço Partido", de Daniel Burman, vencedor do Urso de Prata de melhor filme e ator (Daniel Hendler) no Festival de Berlim do ano passado. Hendler é um jovem em busca de sua própria identidade em meio à turbulência econômica e política na Argentina.
Falta agora mais iniciativas para fazer chegar ao Brasil mais dessa produção independente e autoral latino-americana -e não apenas argentina- para que possamos acompanhar as soluções e linguagens de quem está tão perto e ao mesmo tempo tão distante.


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