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Mostra no CCSP embala produção recente do cinema argentino
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
No embalo da estréia de "A Menina Santa", de Lucrecia Martel, o
Centro Cultural São Paulo organiza de hoje até o próximo dia 25
uma mostra em DVD contemplando a nova produção argentina. Ao todo são cinco filmes, feitos entre 2001 e 2004, de diretores
jovens e veteranos).
O ciclo começa com "Histórias
Mínimas", terceiro longa de Carlos Sorin, um road movie sobre
três pessoas que viajam pelas estradas da Patagônia.
Feito com uma equipe diminuta, de apenas 13 pessoas, e com
atores estreantes -à exceção de
Javier Lombardo-, em suas profissões reais, a produção acaba
sendo quase um documentário
sobre os personagens daquela região argentina e deixa um senhor
de 80 anos roubar a cena. Em certo momento, uma moça lhe pergunta o que ele faz andando pela
Patagônia: "Mato o tempo", diz.
"E já matou muito?", retruca ela.
"Bastante."
É esse rir de si mesmo que está
muito presente nas desgraças argentinas. Como em "Valentin",
de Alejandro Agresti, saga de um
garoto que é criado pela avó porque o pai está sempre muito ocupado trabalhando e a mãe o abandonou. Ingênuo, o menino, aos
oito anos, já tem uma definição
do mundo: "A vida é um talharim", diz, preocupado em superar
problemas com que muitos adultos não saberiam lidar.
Inéditos
Mas a mostra não é feita apenas
de filmes que já estrearam nas salas brasileiras. Há duas produções
que não passaram pelo circuito
comercial do Brasil.
O primeiro "lançamento", a ser
exibido hoje, é "Bar "El Chino'",
de Daniel Burak, sobre uma jornalista que resolve fazer um documentário sobre um estabelecimento que leva o apelido do dono
e reúne artistas e apaixonados pelo tango.
Logo após a estréia de Burak na
direção é exibido "Herencia", da
também estreante Paula Hernández. Já exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do
ano passado, gira em torno de
uma italiana e um alemão que
imigram para a Argentina e a descoberta da paixão e de um novo
rumo para suas vidas.
Completa a programação "O
Abraço Partido", de Daniel Burman, vencedor do Urso de Prata
de melhor filme e ator (Daniel
Hendler) no Festival de Berlim do
ano passado. Hendler é um jovem
em busca de sua própria identidade em meio à turbulência econômica e política na Argentina.
Falta agora mais iniciativas para
fazer chegar ao Brasil mais dessa
produção independente e autoral
latino-americana -e não apenas
argentina- para que possamos
acompanhar as soluções e linguagens de quem está tão perto e ao
mesmo tempo tão distante.
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