São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

Texto Anterior | Índice

ARTES PLÁSTICAS

Título brinca com curadora da Bienal

"Quero Ser Amigo da Lisette" exibe obras de 23 artistas jovens

Rogério Cassimiro/Folha Imagem
Adriana Duarte, a Xiclet, em espaço da mostra "Quero Ser Amigo(a) da Lisette", que começa hoje


GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pode parecer provocativo o título "Quero Ser Amigo(a) da Lisette", exposição que abre hoje à noite na Casa da Xiclet, uma galeria improvisada em Pinheiros, dentro da casa da agitadora cultural Adriana Matos Alves Duarte (conhecida como Xiclet). Tanto é que a própria Lisette Lagnado, recém-empossada curadora da Bienal de São Paulo (prevista para outubro de 2006), desconfiou ao ver seu nome no convite da mostra.
Procurada pela reportagem da Folha, Lisette confirmou presença na abertura da mostra. "Acho que eu tenho de ir ao evento, mesmo porque eu vejo esse título como algo simpático".
Ainda que insegura com a possibilidade de estar sendo alvo de brincadeiras, ela apóia a iniciativa, em um breve discurso sobre as dificuldades de se lançarem espaços à margem do mercado. "Perdemos a utopia, caímos num tempo que não tem muita graça. Por isso eu quero tanto ver o que está acontecendo lá. É como uma obrigação."
Quanto à proposição do título do evento, Xiclet tem suas explicações: "Eu estava com uns amigos reunidos, daí alguém falou, "ah, agora todo mundo quer ser amigo da Lisette", daí a gente resolveu chamar a exposição de "Quero ser amigo da Lisette'".
Ainda que, ao pé da letra, tudo não passe de informalidades, não dá para esconder um tom provocativo no nome, mesmo porque a Casa da Xiclet já mostrou suas farpas em relação à Bienal ao abrir, em 2004, a mostra "Bienal de Cu É Rola". "Eu nem fui à Bienal do ano passado, de tanto que meus amigos falaram mal", diz Xiclet.
Sempre muito debochada, a agitadora cultural consolidou uma espécie de movimento em São Paulo que tem recebido adesão de escultores, pintores e fotógrafos em início de carreira de vários Estados. Para a exposição que abre hoje, 23 artistas plásticos enviaram trabalhos. As peças ocupam uma espécie de galpão de 4 metros por 10 metros, vizinho aos cômodos onde Xiclet, ao lado de seu gato Nelson Leirner, come, dorme, assiste à TV, recebe os amigos, cozinha etc e tal.
É uma iniciativa que, no fim das contas, acaba exercendo uma função "importante", segundo Lisette, que é a de revelar profissionais que não ganham espaço no circuito tradicional da cidade.
Entre as obras, está "Agora", do grupo brasiliense Amostra Grátis, que consiste em cartas previamente endereçadas, com caixas de fósforos em seus interiores, para serem distribuídas durante a abertura; e uma série de caixas com maços de cigarros de marcas fictícias, como "Payboy a Pleasure to Be Sheared", do mineiro Luiz Henrique Vieira.
O boca-a-boca tem funcionado bem, e, a cada exposição que divulga, a Casa da Xiclet recebe um volume maior de trabalhos inscritos. A próxima exposição já está recebendo inscrições. Candidatos devem solicitar um formulário pelo e-mail xiclet-assessoria@yahoo.com.br. Para ter um trabalho exposto, é necessário pagar um valor em torno de R$ 100 a R$ 150.
Detalhe para quem pretende fazer uma visita à mostra: a campainha do espaço fica meio escondida, bem no clima "estamos improvisando mesmo". Preste bem atenção: uma inscrição à mão, no muro, pode ajudar a achá-la.

Quero Ser Amigo da Lisette
Quando:
Abertura hoje, às 20h. Seg. a sex. e dom.: 11h às 21h. Até 5/9.
Onde: Casa da Xiclet (r. Fradique Coutinho, 1.855, Pinheiros, região oeste, tel. 0/xx/11/7314-4550).
Quanto: entrada gratuita.


Texto Anterior: Mostra no CCSP embala produção recente do cinema argentino
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.