São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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Gidon Kremer e sua Kremerata se apresentam em SP

Violinista e seu grupo tocam no parque Ibirapuera e na Sala São Paulo até terça e depois vão para Blumenau e Rio

No repertório, compilação de peças que têm como tema a primavera, além de composições do cinema e releituras de clássicos


Divulgação
A Kremerata Baltica, que reúne 25 musicistas, em sua maioria da Letônia, Estônia e Lituânia


IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele já gravou as principais obras de Bach, Beethoven e Mozart mas gosta também de música contemporânea e defende com especial apreço o tango renovado do argentino Astor Piazzolla (1921-1992). À frente de seu grupo, a Kremerata Baltica, o violinista Gidon Kremer, 59, mostra no Brasil um programa que reflete as escolhas musicais ecléticas e algo heterodoxas que têm marcado sua carreira. Assim é que amanhã, no parque Ibirapuera, o cerne do repertório é "Sempre Primavera", uma compilação de peças que têm esta estação do ano como tema.
Presença obrigatória em comerciais, a célebre "Primavera", de Vivaldi, ficou de fora. No lugar, entram trechos da "Sonata Primavera", de Beethoven, da agressiva "Sagração da Primavera", de Stravinski, e a "Primavera Portenha", de Piazzolla. "Concerto ao ar livre é sempre difícil pelas condições acústicas, e o tempo também é imprevisível, mas pode ser divertido", avalia o intérprete.

Novas versões
Na segunda e na terça, na Sala São Paulo, na série de assinaturas do Mozarteum Brasileiro, com um programa que será repetido na quarta, em Blumenau, e na sexta, no Rio, suas apresentações começam com obras de autores consagrados, em versões diferentes.
Desse modo, a "Grande Fuga", de Beethoven, originalmente para quarteto de cordas, será ouvida em versão para orquestra de cordas. E o concerto para violoncelo de Schumann, compositor cujos 150 anos de morte são celebrados em 2006, é executado em transcrição para violino solista e cordas do francês Rene Koering, 66.
Por que tocar uma versão para violino do "Concerto para Violoncelo" de Schumann quando o compositor tem um concerto que foi originalmente escrito para violino? "Toquei muitas vezes o "Concerto para Violino" de Schumann e o gravei, inclusive, com os maestros Riccardo Muti e Nikolaus Harnoncourt", diz Kremer, por telefone, de Elba, ilha italiana que foi local de exílio de Napoleão Bonaparte.
"Mas, há uns 15 anos, descobri uma versão para violino da parte solista do "Concerto para Violoncelo" que foi autorizada pelo próprio Schumann", afirma. "Gostei muito da idéia, e Koering acabou colaborando na orquestração."
A segunda parte da apresentação traz, além do indefectível Piazzolla, obras relacionadas ao universo do cinema, como "Smile", de Charles Chaplin, e criações de autores russos, como Edison Denisov (1929-1996) e Isaak Dunaievski (1900-1950). Crossover? Jamais. "Não gosto do termo "crossover" nem de suas implicações. Para mim, a obra de autores que escreveram para o cinema é uma janela para a música contemporânea."
Trazendo ao Brasil seu violino Guarneri del Gesù "ex-David" de 1730, Kremer nasceu em Riga, capital da Letônia, em 1947. Filho e neto de violinistas, começou a estudar o instrumento aos quatro anos de idade, tendo o talento moldado, a partir dos 16, por David Oistrakh (1908-1974), principal nome da escola russa do violino no século 20.
A Kremerata foi criada em 97, e reúne 25 musicistas, em sua maioria originários da Letônia, Lituânia e Estônia.
Nesta terça-feira, das 10h às 13h, membros da orquestra dão aulas no Instituto Baccarelli (Estrada das Lágrimas, 47, Sacomã). As inscrições são gratuitas, com vagas limitadas. Interessados devem procurar o Mozarteum Brasileiro (tel. 3815-6377).


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