São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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Artistas transformam biblioteca no Pari em galeria

Prédio municipal recebe fotografias, pinturas e instalações; sem curadoria, exposição homenageia o galerista Jean Pierre Isnard, morto no início do ano

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Trinta e quatro artistas se juntam para transformar uma biblioteca pública em espaço expositivo. Depois de meses de conversa e vários dias de montagem, é inaugurado hoje o Projeto Pari, na biblioteca Adelpha Figueiredo, zona central de São Paulo.
Assim como a região ao redor, a biblioteca apresenta sinais claros de degradação. "Quando chegamos, encontramos uma biblioteca pouco visitada e com quilos de poeira", conta Camille Kachani, um dos participantes do projeto. Limpeza, pintura e jardinagem foram algumas medidas tomadas pelos artistas antes da montagem. "Por conta da mostra, várias escolas já programaram visitas", afirma Kachani.
A maior parte dos participantes não mora no Pari. A relação com o bairro, porém, vem desde maio do ano passado, quando o galerista Jean Pierre Isnard montou a mostra "Estrela do Pari" na sede do clube de futebol de mesmo nome. O galerista morreu no início do ano, mas os artistas resolveram dar continuidade ao projeto, especialmente depois de convidados a expor na biblioteca.
Como não há curadoria ou seleção propriamente dita, a qualidade dos trabalhos varia muito. De qualquer modo, boa parte das obras procura dialogar com o espaço da biblioteca, ocupando vidros, jardim e até as próprias estantes.
A mineira Néle Azevedo colou fotos e poemas nas janelas, de modo que possam ser vistos também pelo lado de fora. O paulistano Fernando Marques Penteado interveio no retrato de Adelpha Figueiredo, célebre bibliotecária da história do Brasil. Assim, por essas e outras formas, a exposição dialoga com a memória do bairro.
Em duas salas, a instalação "Dobra-Obra-Labirinto" foi pensada por Felipe Ribeiro, Silvia Mecozzi e Veridiana Zurita. Reordenando estantes de literatura infanto-juvenil, eles criaram um labirinto que remete ao universo onírico de "Alice no País das Maravilhas".
"Não exite em perder-se", diz uma das mensagens nos corredores, brincando com o termo em inglês para "saída". No jardim do prédio, faixas foram espalhadas por Ana Amélia Genioli. Tiradas de diálogos entre os artistas por e-mail, unem a arquitetura do prédio ao processo criativo que ali se estabeleceu.


PROJETO PARI - 30 ARTISTAS NA BIBLIOTECA
Quando:
abertura hoje, das 11h às 18h; de seg. a sex., das 8h às 17h; sáb., das 9h às 14h; até 15/10
Onde: Biblioteca Adelpha Figueiredo (pça. Ilo Ottani, 146, Pari, tel. 6292-3439)
Quanto: entrada franca


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