DA REPORTAGEM LOCAL
No começo de 2000, uma legião de fãs de quadrinhos ficou órfã. Charles Schulz anunciou que não desenharia mais "Peanuts", a turma de Charlie Brown e Snoopy, o simpático cãozinho que, do alto do telhado de sua casinha, emitia considerações existencialistas.
Schulz morreu em 12 de fevereiro do ano passado, véspera da publicação da última tira nos EUA. Agora, quando Snoopy faz 50 anos, o desenhista recebe uma homenagem brasileira, na Panamericana - Escola de Arte e Design. O evento "Snoopy in Art" se divide em duas exposições, que serão inauguradas hoje.
A primeira delas, na unidade Groenlândia da escola, também se chama "Snoopy in Art". Com curadoria do artista plástico Ivald Granato, tem 44 obras de artistas brasileiros e professores da escola, em que o cachorrinho aparece reinterpretado.
Para organizar "Snoopy in Art", Granato, 51, disse ter buscado "artistas que tivessem uma linguagem gostosa e uma versatilidade para fazer algo além do exercício". "O Snoopy é cheio de fofuras: atraente, intelectual, dorminhoco, carinhoso. Ele comove o intelecto dos artistas e é misterioso: está fazendo alguma coisa, mas quase sempre estático."
O curador diz que todos os convidados ficaram felizes com a idéia. "Quando fiz os convites, já fiz com uma certa visão dos artistas, chamei um pessoal que faz farra no desenho."
Granato se mostra contente com a mostra, que, para ele, "se resume no direito de ser uma homenagem ao Snoopy". "Fui ver a montagem: achei uma gracinha."
Gustavo Rosa, um dos convidados por Granato, vê a oportunidade como um "desafio saudável". "Gosto dessas mostras temáticas porque são muito ricas para a apreciação do público, que vai poder ver os os artistas fazerem essa releitura, dar nota para a criatividade de cada um."
O pintor, "figurativo por excelência" e conhecido por outro animal -os gatos são uma espécie de marca sua-, convive com Snoopy a vida inteira, já que têm quase a mesma idade.
Aos 54, diz que desde criança é fã e se admira com o "desenho limpo" do cartunista. Em seu quadro, "Snoopy fez um desenho de si mesmo e vai entregar para Schulz no céu, com uma lágrima".
A segunda mostra, na unidade Angélica, é "Snoopy 50 Anos". Nela está reunida uma espécie de "memorabilia" do personagem e de seu criador, como quadrinhos e objetos raros e antigos.