São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2001

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LITERATURA

Evento terá leitura de textos de "Posterbook Walt B. Blackberry", que traz 12 impressões de 20 anos de trabalho

Walter Silveira lança coletânea de poemas visuais

DA REPORTAGEM LOCAL

O artista gráfico Walter Silveira faz balanço de carreira ao lançar hoje o livro "Posterbook Walt B. Blackberry". O volume, um grande álbum, traz 12 impressões de 20 anos de trabalho com poesia visual, de 1979 a 1999.
"O livro surgiu a partir de um convite da Companhia Suzano, que lançou o primeiro papel reciclado industrializado do Brasil. Convidaram oito artistas, e eu resolvi fazer essa coletânea de 20 anos de trabalho", conta Walter Silveira, que, além de artista, é radialista e diretor de programação da TV Cultura.
Para não ficar "só no livro", como diz, reuniu um grupo de amigos e companheiros de criação, que vão fazer leituras dos poemas hoje, no restaurante Panino Giusto. Paralelamente, Silveira expõe os poemas do livro nas paredes do restaurante.
"Os poemas trabalham com a legibilidade. Há alguns que se escondem atrás de imagens, com várias leituras diferentes. Com as leituras em voz alta, queremos fazer a mesma coisa. Permitir várias interpretações de um mesmo poema", explica.
Para o "happening de vocalização", Silveira convidou o poeta Arnaldo Antunes, a artista plástica Lenora de Barros, o cineasta Arthur Omar e o músico Cid Campos, entre outros.

Grafitagem
O trabalho do artista com a poesia visual teve seu início no final da década de 70, quando participou, ao lado de Tadeu Jungle e Alex Valauri, de um dos primeiros movimentos de grafitagem de São Paulo.
"Minha pesquisa já estava totalmente ligada ao texto, enquanto a do Valauri ia mais pelas artes plásticas", lembra Walter Silveira, que diz ter feito na vida apenas duas obras sem texto. É dessa época, 1978, o grafite "Mandrix, Mandrak, Mandrix".
Ao lado de Jungle, trabalhou também com um dos grupos da segunda geração do vídeo no Brasil, a TVTUDO.
Como artista, tem em seu currículo participações na Bienal de São Paulo e no projeto Arte Cidade. Também realiza, desde 1996, o espetáculo "Poesia É Risco" -com Cid e Augusto de Campos-, no qual mistura música, vídeo e poesia.
Segundo Silveira, o livro amplia as possibilidades do grafite. "O livro tem uma dimensão gráfica que não há no grafite. São recursos de impressão, por exemplo, que na rua não são possíveis. No papel a coisa é menos perene", afirma o artista, que se diz influenciado pela poesia concretista, pelo poeta Edgard Braga e pelos dadaístas.
"O sentido que eu queria nos anos 70 continua, que é a possibilidade de reprodução das imagens", conclui Silveira.

POSTERBOOK WALT B. BLACKBERRY
-°Lançamento com leitura e exposição dos poemas. De: Walter Silveira. Editora: edição do artista. Quanto: R$ 80. Onde: restaurante Panino Giusto (r. Augusta, 2.963, tel. 3064-9992). Quando: hoje, a partir das 19h30. Quanto: entrada franca.



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