JEAN CANUTO
free-lance para a Folha

O lendário grupo hardcore Agnostic Front está de volta para uma turnê em São Paulo e São Bernardo do Campo, após ser oficialmente extinto em 92 e ter se apresentado por aqui em 97, quando timidamente preparava seu retorno à cena.
A banda vai mostrar um repertório de clássicos que vão desde o histórico EP "United Blood" ao seu último LP "Somethings Gotta Give" -o grupo promete ainda músicas de seu novo disco, que sairá em setembro ("Riot! Riot! Upstart").
Para tornar o show ainda mais interessante, os veteranos do hardcore punk brasileiro, o grupo Olho Seco, tocarão ao lado do Agnostic Front. A banda nacional viveu a mesma situação do grupo nova-iorquino e retomou recentemente sua carreira.
Outros destaques ficam por conta da conceituada banda indie Okotô e do quinteto Street Bulldogs, que irão acompanhar o Agnostic Front nos demais países de sua turnê sul-americana.

Contra o racismo
No início da década de 80, o punk rock sofreu marcantes transformações, tornou-se mais rápido, agressivo e acima de tudo ganhou uma dose brutal de realidade. Músicas furiosas, guitarras muito rápidas, baixo ensurdecedor, bateria em alta velocidade, vocais que berravam o cotidiano violento das ruas -isto serve para definir o Agnostic Front.
A nova caracterização do punk veio a constituir um novo estilo musical, o hardcore. Nova York foi o seu berço, e a banda local Agnostic Front praticamente criou sua base.
Bandas emergiram aos montes em diversos lugares e países. O Brasil também marcou presença, com grupos importantes como Olho Seco, Cólera e Ratos de Porão -e que ainda resistem ao tempo, mantendo uma cena, mesmo que pequena.
O regime militar acabou, mas, segundo os punks brasileiros, ainda há muito a ser combatido -algumas de suas bandeiras atuais pregam contra o racismo e outras injustiças sociais.


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