São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição que abre hoje reúne cinco esculturas e 12 desenhos

Simbiose guia Waltércio Caldas

ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em exposição que abre hoje em São Paulo, Waltércio Caldas coloca cor e palavras em sua obra. São essas algumas das faces que começam a transparecer nos trabalhos mais recentes do artista plástico carioca: cinco esculturas e 12 desenhos de três dimensões -ou quatro, porque para Caldas a relação entre as obras constitui mais uma dimensão.
"Trabalho com papel rígido, e ele é praticamente autônomo. Não o vejo como suporte. Para mim, o papel é objeto", explica. Para o artista, uma questão fundamental dos desenhos é o fato de cada um "ter um universo particular". "A caixa de madeira, de alguma forma, os iguala, mas cada um trata de suas próprias questões", diz Caldas, que vem trabalhando nesses projetos há quatro anos.
Entre seus desenhos e seus trabalhos mais conhecidos, os de escultura, Caldas vê uma relação de simbiose. "A escultura traz questões para o desenho e vice-versa. Estou procurando mais conforto espacial."
Na mostra que abre hoje, na galeria Raquel Arnaud, ele exibe trabalhos de nomes curiosos, como "Espelho de Jazz" e "Rodchenko". Para "Espelho...", Caldas cita Jorge Luis Borges. "À noite, quando todos dormem, de dentro do espelho pode-se ouvir barulho de armas." Sobre "Rodchenko", ele diz que a "discreta homenagem" ao construtivista russo dialoga com questões construtivistas da arte brasileira.
Além da "presença protagonista da cor" e de "um determinado uso das palavras", Caldas faz questão de reafirmar o espaço entre as obras como um elemento próprio delas. "É como se eu tivesse incorporado a distância entre elas. São planos transparentes, camadas e camadas de relações entre as obras. É parte da poética do meu trabalho", define. "Gosto de coisas transparentes, não de coisas opacas. Não gosto de objetos onde o olhar pára." Como exemplo, aparece o próprio metal cromado, bastante utilizado por Waltércio, que ele trabalha como se fosse um "condutor de luz".
Os trabalhos expostos na galeria estão à venda. Se cada obra vai para um canto, não podem perder o elemento do espaço e os planos transparentes estabelecidos entre elas? Caldas acha que não. "Elas adquirem outras coisas. Vão se relacionar com outras coisas, têm outra vida. Uma galeria é um espaço artificial, enquanto uma casa é um espaço natural."


WALTÉRCIO CALDAS: ESCULTURAS E DESENHOS. Onde: Gabinete de Arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, Pinheiros, tel. 3083-6322). Quando: hoje, das 11h às 15h; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 14h. Quanto: grátis. Obras: de US$ 5 mil a US$ 30 mil.


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