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ARTES PLÁSTICAS
Exposição que abre hoje reúne cinco esculturas e 12 desenhos
Simbiose guia Waltércio Caldas
ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em exposição que abre hoje em
São Paulo, Waltércio Caldas coloca cor e palavras em sua obra. São
essas algumas das faces que começam a transparecer nos trabalhos mais recentes do artista plástico carioca: cinco esculturas e 12
desenhos de três dimensões -ou
quatro, porque para Caldas a relação entre as obras constitui mais
uma dimensão.
"Trabalho com papel rígido, e
ele é praticamente autônomo.
Não o vejo como suporte. Para
mim, o papel é objeto", explica.
Para o artista, uma questão fundamental dos desenhos é o fato de
cada um "ter um universo particular". "A caixa de madeira, de alguma forma, os iguala, mas cada
um trata de suas próprias questões", diz Caldas, que vem trabalhando nesses projetos há quatro
anos.
Entre seus desenhos e seus trabalhos mais conhecidos, os de escultura, Caldas vê uma relação de
simbiose. "A escultura traz questões para o desenho e vice-versa.
Estou procurando mais conforto
espacial."
Na mostra que abre hoje, na galeria Raquel Arnaud, ele exibe trabalhos de nomes curiosos, como
"Espelho de Jazz" e "Rodchenko".
Para "Espelho...", Caldas cita Jorge Luis Borges. "À noite, quando
todos dormem, de dentro do espelho pode-se ouvir barulho de
armas." Sobre "Rodchenko", ele
diz que a "discreta homenagem"
ao construtivista russo dialoga
com questões construtivistas da
arte brasileira.
Além da "presença protagonista
da cor" e de "um determinado
uso das palavras", Caldas faz
questão de reafirmar o espaço entre as obras como um elemento
próprio delas. "É como se eu tivesse incorporado a distância entre elas. São planos transparentes,
camadas e camadas de relações
entre as obras. É parte da poética
do meu trabalho", define. "Gosto
de coisas transparentes, não de
coisas opacas. Não gosto de objetos onde o olhar pára." Como
exemplo, aparece o próprio metal
cromado, bastante utilizado por
Waltércio, que ele trabalha como
se fosse um "condutor de luz".
Os trabalhos expostos na galeria
estão à venda. Se cada obra vai para um canto, não podem perder o
elemento do espaço e os planos
transparentes estabelecidos entre
elas? Caldas acha que não. "Elas
adquirem outras coisas. Vão se
relacionar com outras coisas, têm
outra vida. Uma galeria é um espaço artificial, enquanto uma casa
é um espaço natural."
WALTÉRCIO CALDAS: ESCULTURAS E
DESENHOS. Onde: Gabinete de Arte
Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401,
Pinheiros, tel. 3083-6322). Quando: hoje,
das 11h às 15h; de seg. a sex., das 10h às
19h; sáb., das 11h às 14h. Quanto: grátis.
Obras: de US$ 5 mil a US$ 30 mil.
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