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CRÍTICA
Benson surpreende em SP
PAULO VIEIRA
especial para a Folha
Para quem, como eu, não esperava muito, ou melhor, nada do
show de George Benson, que se
despede hoje, a estréia anteontem foi uma surpresa.
De guitarra e paletó vermelhos,
como a Pomba Gira, Benson
mostrou-se como guitarrista
-iniciou com temas instrumentais-, crooner -soltou a voz
em clássicos como "Beyond the
Sea" e "Stardust"-, ele mesmo
-os vocalises coincidindo com
as notas da guitarra-, e chato
-alguns andamentos afetadamente adiantados ou atrasados.
Dos pecados que gente boa no
passado comete quando vem ao
Brasil, Benson repetiu poucos. É
verdade que há sintetizadores,
um piano acústico em intervenções desagradáveis, timbres cafonas, o set do Ivan Lins etc., mas
Benson foi, no mínimo, honesto.
Deixou de parte seu fraco último disco, enfatizou temas instrumentais antigos (quando fazia
uma bela combinação entre sua
guitarra sem pedais, sem efeitos,
com arranjos inspirados no som
da Filadélfia), e, exceção supracitada de "In Your Eyes", permaneceu fiel até onde foi possível a seus
clássicos de easy-listening.
Mas, em "Give Me the Night",
"Love x Love" (80) ou "Turn
Your Love Around" (81), o dedo
do produtor de então, Quincy Jones, se fez sentir. Não há metais na
banda de Benson, e o sintetizador
entra em ação.
Também não há cantoras de
apoio. Perde-se, aí, a sutileza dos
arranjos notáveis de Quincy (que,
em Benson, são comparáveis ao
clássico "Off the Wall", que produziu para Michael Jackson).
Se tivesse uma graninha, Benson poderia fazer como Barry
White, que chamou músicos brasileiros para emular sua Love Unlimited Orquestra. Se precisar de
algum para colocar três metais e
duas meninas de backing-vocal no
show de hoje, o pessoal da redação
já disse que colabora.
Show: George Benson
Quando: hoje, 21h30
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, tel.
531-4900)
Quanto: R$ 55 a R$ 155
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