especial para a Folha

A fala amaciada por conta da idade já não prenuncia tanto o sotaque do italiano de Milão que chegou ao Brasil em 1936, aos 18 anos. Mas o vigor das idéias continua sendo uma das características marcantes de Gianfrancesco Guarnieri, 63. "Anjo na Contramão" é sua 18ª peça que chega aos palcos em 43 anos de carreira (ainda há quatro textos inéditos). Guarnieri inscreveu seu nome na história do teatro brasileiro com "Eles Não Usam Black-Tie", texto que completou 40 anos no mês passado. Aos 22 anos, ele ousou colocar em cena favelados que organizam uma greve por aumento de salário. Outro trabalho importante foi o musical "Arena Conta Zumbi" (1965), escrito em parceria com Augusto Boal. Era uma metáfora da revolução dos negros nos quilombos, feita sob medida para espelhar a repressão politica. Entre interpretar e escrever, a segunda opção o inquieta mais. "O texto exige muita reflexão e pesquisa, e a gente encontra coisas amargas pelo caminho", define.


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