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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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MÚSICA ERUDITA

Pianista radicado em Londres toca "Ao Luar" e diz ter descoberto nova relação com o compositor

Steuerman renova laços com Beethoven

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Concertos BankBoston, com solistas e formações de câmara, começam hoje, em São Paulo, com recital do pianista carioca radicado em Londres Jean Louis Steuerman.
Ele interpretará quatro sonatas de Ludwig van Beethoven. Entre elas, a conhecidíssima nš 14, "Ao Luar", de 1801.
Cada um dos oito programas da série terá três récitas. O BankBoston levará sete dos programas ao Rio, seis a Porto Alegre e cinco a Alphaville (Barueri, Grande São Paulo). Ainda promoverá neste ano 24 concertos de música de câmara, aos domingos à tarde, na Pinacoteca do Estado.
Há muitos nomes mundialmente importantes entre os músicos convidados.
Devem se apresentar, por exemplo, a soprano Barbara Hendricks, os violoncelistas Torleif Tedeen, Matt Haimovitz e Gustav Rivinius, os violinistas Joshua Bell, Giuliano Carmignola e Ulf Wallin, o clarinetista Pascal Moraguès e conjuntos como o Quarteto de Cordas de Veneza e o Quarteto Talich, todos possuidores de um bom acervo discográfico.
Steuerman, 54, diz ter escolhido Beethoven por causa dos novos laços que vem descobrindo com aquele compositor, que também estará presente nos planos de suas próximas gravações para o selo Naxos.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista com o pianista.

Folha - Por que Beethoven, e por que quatro das sonatas nesse primeiro programa?
Jean Louis Steuerman -
É um repertório que nunca cheguei a tocar desse modo em São Paulo. Além disso, sinto estar atravessando um período em que meus laços com esse compositor estão cada vez mais estreitos.

Folha - Beethoven está nos planos de suas próximas gravações?
Steuerman -
Sim. Em julho eu desencadeio na Inglaterra dois projetos paralelos: gravar Beethoven e a obra completa de Arnold Schönberg.
Do primeiro, começarei com as sonatas, em seguida as "Variações Diabelli", e também algo que vem me intrigando bastante, que são as "Bagatelas". Elas ilustram um aspecto de Beethoven que não é suficientemente compreendido.

Folha - No ponto a que chegou sua carreira, não haveria a preocupação de interpretar o que é simples, em lugar de mostrar, por meio de Liszt, a capacidade de tocar uma música complicada?
Steuerman -
Quanto menos notas, mais difícil fica. É verdade. Sem a menor dúvida.

Folha - Fale-me mais sobre o projeto de gravar Schönberg.
Steuerman -
É uma promessa que fiz a mim mesmo e à gravadora Naxos. Existe uma imensa barreira entre o público e Schönberg, mas eu pretendo trabalhar para destruí-la.
Adoro esse compositor. Ele foi até agora interpretado de uma maneira demasiadamente seca e analítica. A meu ver, no entanto, o que ele escreve são melodias.
Eu o considero um romântico do século 20. É esse romantismo que eu pretendo demonstrar.

Folha - Entre os demais da Escola de Viena, seria essa também sua concepção do Alban Berg?
Steuerman -
Sem dúvida. Também o farei. E gravarei também o Anton Webern.

Folha - O sr. voltará a se apresentar no Brasil neste ano?
Steuerman -
Estarei no segundo semestre tocando novamente com a Osesp. Será o "Concerto nš 2 para Piano e Orquestra", de Heitor Villa-Lobos.


CONCERTOS BANKBOSTON - com Jean Louis Steuerman (piano). Quando: hoje, amanhã e quarta-feira, às 21h. Onde: Espaço Cultural BankBoston, av. Dr. Chucri Zaidan, 246, Brooklin, zona sul. Ingressos, R$ 26 (para correntistas do banco) e R$ 40, na Interarte, tel. 3081-1911, o na Ticketmaster, 6846-6000.


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