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MÚSICA ERUDITA
Pianista radicado em Londres toca "Ao Luar" e diz ter descoberto nova relação com o compositor
Steuerman renova laços com Beethoven
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os Concertos BankBoston, com
solistas e formações de câmara,
começam hoje, em São Paulo,
com recital do pianista carioca radicado em Londres Jean Louis
Steuerman.
Ele interpretará quatro sonatas
de Ludwig van Beethoven. Entre
elas, a conhecidíssima nš 14, "Ao
Luar", de 1801.
Cada um dos oito programas da
série terá três récitas. O BankBoston levará sete dos programas ao
Rio, seis a Porto Alegre e cinco a
Alphaville (Barueri, Grande São
Paulo). Ainda promoverá neste
ano 24 concertos de música de câmara, aos domingos à tarde, na
Pinacoteca do Estado.
Há muitos nomes mundialmente importantes entre os músicos convidados.
Devem se apresentar, por exemplo, a soprano Barbara Hendricks, os violoncelistas Torleif
Tedeen, Matt Haimovitz e Gustav
Rivinius, os violinistas Joshua
Bell, Giuliano Carmignola e Ulf
Wallin, o clarinetista Pascal Moraguès e conjuntos como o Quarteto de Cordas de Veneza e o
Quarteto Talich, todos possuidores de um bom acervo discográfico.
Steuerman, 54, diz ter escolhido
Beethoven por causa dos novos
laços que vem descobrindo com
aquele compositor, que também
estará presente nos planos de suas
próximas gravações para o selo
Naxos.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista com o pianista.
Folha - Por que Beethoven, e por
que quatro das sonatas nesse primeiro programa?
Jean Louis Steuerman - É um repertório que nunca cheguei a tocar desse modo em São Paulo.
Além disso, sinto estar atravessando um período em que meus
laços com esse compositor estão
cada vez mais estreitos.
Folha - Beethoven está nos planos de suas próximas gravações?
Steuerman - Sim. Em julho eu
desencadeio na Inglaterra dois
projetos paralelos: gravar Beethoven e a obra completa de Arnold
Schönberg.
Do primeiro, começarei com as
sonatas, em seguida as "Variações
Diabelli", e também algo que vem
me intrigando bastante, que são
as "Bagatelas". Elas ilustram um
aspecto de Beethoven que não é
suficientemente compreendido.
Folha - No ponto a que chegou
sua carreira, não haveria a preocupação de interpretar o que é simples, em lugar de mostrar, por meio
de Liszt, a capacidade de tocar uma
música complicada?
Steuerman - Quanto menos notas, mais difícil fica. É verdade.
Sem a menor dúvida.
Folha - Fale-me mais sobre o projeto de gravar Schönberg.
Steuerman - É uma promessa
que fiz a mim mesmo e à gravadora Naxos. Existe uma imensa barreira entre o público e Schönberg,
mas eu pretendo trabalhar para
destruí-la.
Adoro esse compositor. Ele foi
até agora interpretado de uma
maneira demasiadamente seca e
analítica. A meu ver, no entanto, o
que ele escreve são melodias.
Eu o considero um romântico
do século 20. É esse romantismo
que eu pretendo demonstrar.
Folha - Entre os demais da Escola
de Viena, seria essa também sua
concepção do Alban Berg?
Steuerman - Sem dúvida. Também o farei. E gravarei também o
Anton Webern.
Folha - O sr. voltará a se apresentar no Brasil neste ano?
Steuerman - Estarei no segundo
semestre tocando novamente
com a Osesp. Será o "Concerto nš
2 para Piano e Orquestra", de Heitor Villa-Lobos.
CONCERTOS BANKBOSTON - com Jean
Louis Steuerman (piano). Quando: hoje,
amanhã e quarta-feira, às 21h. Onde:
Espaço Cultural BankBoston, av. Dr.
Chucri Zaidan, 246, Brooklin, zona sul.
Ingressos, R$ 26 (para correntistas do
banco) e R$ 40, na Interarte, tel. 3081-1911, o na Ticketmaster, 6846-6000.
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