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TEATRO
Peça é apresentada hoje e amanhã
Churchill inova com "Blue Heart"
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
A peça inglesa "Blue Heart", de
Caryl Churchill, faz hoje a primeira de duas apresentações em São
Paulo, como parte de uma turnê
mundial iniciada no Canadá e que
ainda passa por Alemanha e Rússia, entre outros países.
Churchill, 60, rivaliza com Harold Pinter pelo posto de maior
autor da Inglaterra, hoje.
"Blue Heart", sua primeira peça depois de três anos em que chegou a desistir de escrever, estreou
há menos de um ano para fartos
elogios da crítica londrina. Foi
descrita como "a peça do ano"
pelo jornal "The Independent".
Os maiores elogios se voltaram à
experimentação formal, à inovação estilística. O trabalho foi de
certa maneira surpreendente, para
uma autora muito identificada
com um ideário mais político, em
peças como "Cloud Nine".
Em entrevista por telefone, de
Londres, Churchill diz que de fato,
embora siga com as mesmas
idéias, "elas provavelmente não
têm estado tão em primeiro plano" no que vem escrevendo.
"Houve um momento de certo
cuidado em escrever sobre coisas
socialistas e feministas, o que era
novo e interessante", diz. "Mas
eu não estou muito interessada em
seguir fazendo as mesmas coisas,
escrevendo da mesma forma."
"Blue Heart" é composta de
dois textos curtos, "Heart's Desire" e "Blue Kettle", o primeiro
sobre uma família que espera a
volta da filha da Austrália, o segundo sobre um homem que finge
estar à procura de sua mãe perdida.
O efeito formal de maior impacto acontece no segundo texto, com
a dissolução do diálogo em palavras e depois sílabas, como em alguma peça do "teatro do absurdo", mas com um humor desconcertante, mais próprio dos comediógrafos populares.
Recusando qualquer classificação, de formalista ou política,
Churchill diz que não pensa o teatro dessa maneira.
"Na verdade, nos últimos dez
anos eu me tornei muito mais interessada num teatro visual, por
exemplo, do que antes", diz.
"Trabalhei com dança, com música. E eu sempre fui interessada
primeiro no texto, nas palavras.
Então, eu tenho jogado em várias
direções de uma vez."
Para Max Stafford-Clark, diretor
de "Blue Heart", Caryl Churchill
é assim mesmo, está sempre se
reinventando. Ele cita duas das peças mais politizadas, "Top Girls"
e "Serious Money", como exemplos de experimentação.
Em "Serious Money", de 87,
Churchill escreveu uma comédia
toda em versos -o que não impediu que alcançasse sucesso de público, tanto em Londres como na
Broadway, em Nova York.
Peça: Blue Heart
Autora: Caryl Churchill
Direção: Max Stafford-Clark
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui
Barbosa, 153, tel. 288-0136)
Quanto: R$ 10
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