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JAZZ
Acompanhado por seu grupo, o contrabaixista norte-americano faz duas apresentações no Bourbon Street
Ron Carter traz sua elegância à cidade
CARLOS CALADO
especial para a Folha
Um sinônimo de elegância musical desembarca em São Paulo para
duas apresentações. O contrabaixista norte-americano Ron Carter,
60, toca no Bourbon Street, acompanhado por seu grupo.
Além do percussionista Stevie
Kroon, o quarteto destaca dois talentosos jazzistas da nova geração:
o pianista Stephen Scott e o baterista Lewis Nash.
Ron Carter vem imprimindo sua
marca na história do jazz desde os
anos 60, quando integrou o grupo
do trompetista Miles Davis.
Durante quatro décadas, acompanhou uma infinidade de grandes
músicos, como Sonny Rollins,
McCoy Tyner, Jim Hall e Chet Baker. Em 1992, uniu-se aos antigos
parceiros Herbie Hancock, Wayne
Shorter e Tony Williams na superbanda Tribute to Miles.
Falando à Folha por telefone, de
Montevidéu, Carter disse não ter
repertório definido para as apresentações de seu quarteto. "Mudamos bastante a cada noite."
Mesmo assim, diz o contrabaixista, é bem provável que o grupo
toque algum tema de seu último
álbum, "The Bass and I", recém-lançado no mercado internacional pelo selo Blue Note.
Nesse CD, o quarteto improvisa
três composições de Ron Carter
("Blues for D.P.", "Mr. Bow Tie"
e "Double Bass"), além de revisitar "standards", como "The Shadow of Smile".
"Esse disco foi gravado nos
EUA, em janeiro do ano passado,
na volta da temporada que fizemos
no Rio de Janeiro", recorda.
Apesar de estar hoje mais identificado com o chamado jazz
"mainstream", o eclético Carter
não tem se fechado a experiências
com outras correntes musicais
contemporâneas.
Basta ouvir a gravação que ele fez
ao lado do rapper francês MC Solaar, no álbum-projeto "Stolen
Moments: Red Hot' Cool" (Red
Hot/GRP), em 1994.
"Jamais esnobo música", diz
Carter, respondendo a puristas como o trompetista Wynton Marsalis, que não aceitam a existência de
correntes atuais como o acid jazz
ou o jazz-rap. "Eu ignoro as opiniões dessa gente."
No entanto, o mestre do contrabaixo parece não ter ilusão quanto
à possibilidade de o acid jazz atrair
o público mais jovem para o jazz
estrito.
"Não acredito que esses garotos
passem a consumir discos de jazz,
mas isso não invalida esse tipo de
música", considera.
Ainda assim, Carter revela-se
otimista quanto ao futuro do gênero. "Não sei quem vai tocá-lo, ou
as formas que ele poderá assumir,
mas o jazz sempre estará aí."
Show: Ron Carter
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127,
Moema, tel. 5561-1643)
Quanto: R$ 30 (couvert artístico com
direito a um drinque)
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