SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

O nome do festival não faz nenhuma distinção de gênero. Certo concluir, portanto, que, em um evento chamado Projeto Tendências, com grupos formados predominantemente por mulheres, são elas que estão colocando a mão na massa da nova música?
É o que o público precisa conferir nos três dias do festival promovido pelo Sesc Ipiranga, que apresenta uma gama variada de gêneros encampados pelo lado feminino. Das riot grrrls -a vertente feminista do punk- ao hip hop, nove bandas se apresentarão hoje, amanhã e sexta-feira, sempre às 21h.
Para o curador do Projeto Tendências, Paulo Barnabé, mais espaço para as mulheres no cenário musical significa enriquecê-lo, com uma postura e linguagem distinto do universo masculino. "Não sei dizer se as bandas com mulheres entre os integrantes estão fazendo hoje coisas mais expressivas do que os homens. O fato é que há um diferencial na forma como elas se expressam que considero bem interessante."
Hoje, sobem ao palco BBB, Bigs e Hellas. Enquanto a primeira investe no lado experimental, unindo poemas e intervenções com vídeos, as duas últimas são voltadas para o punk, com influências de Bikini Kill, Distillers e Donnas.
Amanhã, as curitibanas do Keep on Riot, como o próprio nome sugere, revestem hardcore de letras inconformistas, seguidas pelo Wee -que concede espaço para dois homens em sua formação-, quarteto que intercala quietude com momentos mais nervosos. Fecha a noite o Bateras Beat, projeto centrado nas experimentações de quatro bateristas vindas de grupos de metal e hardcore, mas com lugar para o groove no trabalho.
O último dia do Projeto Tendências tem como matiz a sonoridade black. O duo Tuca e Mell, com duas baterias no palco, fornece espécie de trilha sonora orgânica para apresentações de grupos de break. Na sequência, toca o Yemanjive, com duas MCs no palco apoiadas por funk, soul e batuque. Encerra o festival Malocca, trio calcado em tons eletrônicos, que reúne os DJs Will Robson e Noizyman junto à cantora Clara Moreno.