CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O eclético programa anunciado pela produção do concerto destaca obras de Bach, Beatles, Thelonious Monk, árias de óperas e, obviamente, o sucesso "Don't Worry, Be Happy", que freqüentou as paradas mundiais em 1988. Mas o norte-americano Bobby McFerrin, que vai cantar amanhã no Teatro Municipal, disse à Folha que jamais repete o repertório de suas apresentações.
"Este é um concerto solo. Eu apenas canto o que vem à minha mente", afirma. E deixa claro que quem for ao Municipal, esperando ouvir "Don't Worry, Be Happy", pode se frustrar. "A última vez que cantei essa canção num concerto foi em novembro de 1988. As pessoas continuam pedindo, mas eu não a canto mais."
Ele poderia até ser acusado de esnobismo, mas não de falta de coerência artística. É compreensível que um adepto radical da improvisação como método criativo decida rejeitar a sina de qualquer cantor popular: repetir o mesmo sucesso.
"Eu diria que entre 30% e 70% de meus concertos são improvisados. Mesmo as peças que já ensaiei eu tento fazer de modo diferente", diz McFerrin, que se revelou como jazzista, no início dos anos 80, e na década seguinte enveredou pela música erudita. Em seu próximo CD, ele revela, vai cantar peças inéditas para coral, em arranjos de Roger Treece.