São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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Com a chegada do "verdadeiro" inverno, os restaurantes esquentam seu cardápio

Calor à mesa

Mauricio Piffer/Folha Imagem
A caldeirada de frutos do mar, tradição espanhola, está entre os pratos mais pedidos do Fuentes


Frio faz fondues, raclettes, sopas e outros pratos pouco lembrados no verão virarem destaque

DA REDAÇÃO

Agora que o inverno apareceu para valer em São Paulo, chega a ser uma missão complicada o ato de sair de casa para comer. Mas alguns restaurantes oferecem motivação extra para quem se dispuser a encarar o frio.
Claro, os tradicionais fondues de queijo, a feijoada, o churrasco, continuam sendo boas opções, mas não é difícil encontrar boas novidades (ou pratos não tão óbvios nem propícios a outras épocas do ano) nas mesas da cidade.
Por exemplo, o chich barak. Milenar prato da cozinha árabe, parece ter sido feito sob medida para aquecer o corpo. É uma espécie de sopa de coalhada temperada com capelete de carne. "É um prato muito consistente, popular na Síria, no Egito, no Líbano e na Turquia. E quem come fica satisfeito", diz Samir Cauerk Moysés, 53, chef do restaurante Folha de Uva.
Para quem não quiser abrir mão do bom e velho fondue, há variedades interessantes. O L'Absinthe, por exemplo, prepara o de carne com champignon. Já o Konstanz tem a variação de tomate seco. Quase um primo do fondue, a raclette também é alternativa para espantar o frio. A iguaria, à base de queijo, surgiu nas aldeias dos Alpes europeus. Quem conta a história é Dani Kava, 70, proprietário do Chamonix.
"Os aldeãos colocavam um pedaço de queijo em cima da lareira e, conforme ele ia derretendo, era posto em um prato e comido com batatas." No Chamonix o ritual não é tão rústico; as mesas recebem uma "racleteira" com várias fôrmas e, à parte, vêm pepino, batata e grison (um tipo de carne salgada e seca no ar frio). "É simples e muito gostoso", afirma.
A cozinha japonesa, associada quase sempre a refrescantes sushis e sashimis, guarda também boas opções quentes. No Daizushi, chama a atenção o nome de algumas de suas sopas de inverno, como o curry udon e o curry rice. Curry? "Os japoneses adoram", conta o proprietário da casa, Nilson Musikman, 47.
O primeiro é um tipo de creme com legumes e carne e macarrão japonês (grosso). O segundo vem com arroz no lugar da massa. "É um prato feito especialmente para o inverno. Mas, se houver demanda, poderemos continuar fazendo em épocas menos frias."
E já que no verão a preferência é pelas comidas leves, o "peso" culinário é ideal para a atual temperatura de São Paulo. Caso da espanhola caldeirada.
"É uma sopa com frutos do mar, batata e grão-de-bico. O caldo fica bem grosso. Deixa até as orelhas quentes", brinca Severino Pinheiro Fernandes, 30, da família que toma conta do Fuentes desde a sua inauguração, em 1954.
Sopas e cremes aparecem em quantidades e variações infindáveis. Uma das inusitadas sugestões do Faggot é menos "densa": creme de couve com zabaglione de trufas negras. No Emiliano, o destaque é a sopa de tartaruga com profiteroles de foie gras.



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