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MÚSICA
Nelson Ayres e Roberto Sion fazem concerto didático hoje, às 21h
Músicos ilustram história
do jazz no Moreira Salles
CARLOS BOZZO JR.
especial para a Folha
Quem acredita que, quando se
fala sobre música, palavras nem
sempre são o suficiente, deve comparecer hoje, às 21h, ao Instituto
Moreira Salles.
O local abriga o concerto didático e interativo "Uma Pequena
História do Jazz", com o pianista,
maestro e arranjador Nelson Ayres
e o saxofonista, compositor e arranjador Roberto Sion.
"O concerto tem por finalidade
mostrar ao público o que é o jazz,
onde ele começa e onde ele se encontra", disse Sion à Folha.
Histórico
"Começaremos pelo blues primitivo, passaremos pelo ragtime,
contando um pouco do background sociológico do jazz dos
anos 20 e 30. Tudo ilustrado com
exemplos musicais."
O saxofonista continua: "Como
o jazz não é uma coisa específica da
nossa cultura, decidimos contar,
através da música, uma historinha
do jazz ao público."
Os músicos são, certamente,
dois dos mais talentosos ícones da
música instrumental brasileira.
Ayres começou sua virtuosíssima carreira como pianista do conjunto de jazz tradicional "São
Paulo Dixieland Jazz".
Hoje, é regente e diretor artístico
da já consagrada "Orquestra de
Jazz Sinfônica do Estado de São
Paulo", tendo passado, assim como Sion, pela renomada Berklee
College Of Music, em Boston (Estados Unidos).
Também entrevistado pela Folha, Nelson Ayres define o jazz como "uma maneira de encarar a
música onde o intérprete é, ao
mesmo tempo, um músico que
realiza uma composição instantânea".
Improviso
Na opinião de Roberto Sion, "o
jazz é uma coisa lúdica, como um
jogo de futebol. O ouvinte de jazz é
um torcedor apaixonado que comenta o jogo e suas jogadas. Enquanto que nós, músicos, somos
os caras que estamos com a bola".
Se o espírito do jazz tivesse nome, esse seria "improviso", e é ele
quem vai reger o concerto que
acontece na noite de hoje.
Segundo Sion, "uma das coisas
essenciais no jazz é a improvisação".
Ele explica: "O improviso é você
pegar uma escala ou um tema e ir
brincando com ele, não tocar sempre igual... Acrescentar notas, tirar
notas, aumentar ritmos, tirar ritmos... Por isso, no meio do concerto, a gente improvisa junto com
o público, aproveitando esse espírito de liberdade que existe no
jazz."
E acrescenta: "Vamos solicitar
ao público qualquer música bem
conhecida, como 'Ciranda, Cirandinha', e fazer, na hora, uma criação jazzística em cima dela. Assim,
a platéia poderá sentir o processo
de improvisação."
Ao ser indagado sobre o que era
jazz, o trompetista Louis Armstrong respondeu: "Se você precisa
perguntar, então nunca saberá".
Hoje à noite haverá uma boa
oportunidade para se entender essa resposta. Não perca.
Show: Uma Pequena História do Jazz, com
Nelson Ayres e Roberto Sion
Quando: hoje, às 21h
Onde: Instituto Moreira Salles - Espaço
Higienópolis (r. Piauí, 844, 1º andar, tel.
011/825-2560)
Quanto: entrada franca
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