São Paulo, quinta, 21 de agosto de 1997.



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MÚSICA
Nelson Ayres e Roberto Sion fazem concerto didático hoje, às 21h
Músicos ilustram história do jazz no Moreira Salles

CARLOS BOZZO JR.
especial para a Folha

Quem acredita que, quando se fala sobre música, palavras nem sempre são o suficiente, deve comparecer hoje, às 21h, ao Instituto Moreira Salles.
O local abriga o concerto didático e interativo "Uma Pequena História do Jazz", com o pianista, maestro e arranjador Nelson Ayres e o saxofonista, compositor e arranjador Roberto Sion.
"O concerto tem por finalidade mostrar ao público o que é o jazz, onde ele começa e onde ele se encontra", disse Sion à Folha.
Histórico
"Começaremos pelo blues primitivo, passaremos pelo ragtime, contando um pouco do background sociológico do jazz dos anos 20 e 30. Tudo ilustrado com exemplos musicais."
O saxofonista continua: "Como o jazz não é uma coisa específica da nossa cultura, decidimos contar, através da música, uma historinha do jazz ao público."
Os músicos são, certamente, dois dos mais talentosos ícones da música instrumental brasileira.
Ayres começou sua virtuosíssima carreira como pianista do conjunto de jazz tradicional "São Paulo Dixieland Jazz".
Hoje, é regente e diretor artístico da já consagrada "Orquestra de Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo", tendo passado, assim como Sion, pela renomada Berklee College Of Music, em Boston (Estados Unidos).
Também entrevistado pela Folha, Nelson Ayres define o jazz como "uma maneira de encarar a música onde o intérprete é, ao mesmo tempo, um músico que realiza uma composição instantânea".
Improviso
Na opinião de Roberto Sion, "o jazz é uma coisa lúdica, como um jogo de futebol. O ouvinte de jazz é um torcedor apaixonado que comenta o jogo e suas jogadas. Enquanto que nós, músicos, somos os caras que estamos com a bola".
Se o espírito do jazz tivesse nome, esse seria "improviso", e é ele quem vai reger o concerto que acontece na noite de hoje.
Segundo Sion, "uma das coisas essenciais no jazz é a improvisação".
Ele explica: "O improviso é você pegar uma escala ou um tema e ir brincando com ele, não tocar sempre igual... Acrescentar notas, tirar notas, aumentar ritmos, tirar ritmos... Por isso, no meio do concerto, a gente improvisa junto com o público, aproveitando esse espírito de liberdade que existe no jazz."
E acrescenta: "Vamos solicitar ao público qualquer música bem conhecida, como 'Ciranda, Cirandinha', e fazer, na hora, uma criação jazzística em cima dela. Assim, a platéia poderá sentir o processo de improvisação."
Ao ser indagado sobre o que era jazz, o trompetista Louis Armstrong respondeu: "Se você precisa perguntar, então nunca saberá".
Hoje à noite haverá uma boa oportunidade para se entender essa resposta. Não perca.

Show: Uma Pequena História do Jazz, com Nelson Ayres e Roberto Sion Quando: hoje, às 21h Onde: Instituto Moreira Salles - Espaço Higienópolis (r. Piauí, 844, 1º andar, tel. 011/825-2560) Quanto: entrada franca


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