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FESTIVAL
Bill Plympton, um dos reis do desenho mundial, chega hoje em SP para o evento internacional
"Deus da animação" mostra seus curtas
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
"Bill Plympton é
deus", já disse Matt
Groening, criador
de "Os Simpsons".
Pois esse deus da
animação mundial
deve ter aterrissado nesta madrugada em São Paulo. Isso se outro
contratempo não tiver acontecido, como na noite de quarta,
quando perdeu o avião.
"Não sabia que precisava de visto", explica Plympton, por telefone, de sua residência em Nova
York. Apesar de não saber, não é a
primeira vez que o animador vem
ao Brasil. Já esteve duas vezes no
país, ambas no Rio de Janeiro, para o festival Anima Mundi. "Gostei muito. É por isso que estou
voltando", comenta.
Desta vez, ele chega para o 10º
Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. E deve
acompanhar a sessão com 18 de
seus filmes curtos hoje, às 18h, no
MIS (reprises na quarta, às 11h, na
Faap; e no próximo sábado, às
20h, no Museu Lasar Segall).
Plympton, dono de um humor
virulento, é conhecido do público
brasileiro pelos curtas exibidos na
MTV e em alguns canais pagos,
como o Locomotion (TVA).
O artista já foi indicado para o
Oscar de curta de animação, há 12
anos. Estava no começo de sua
carreira de cineasta, que completa
agora 15 anos. Antes, fazia desenhos para revistas americanas.
Desde aquela época, já brincava
com sexo e violência. "Acho isso
muito engraçado", afirma.
Sua violência, contudo, não é
muito sangrenta ou assustadora.
Serve apenas ao humor. Os títulos
dos filmes dão uma boa pista:
"Um Empurrãozinho Vira um
Empurrãozão", "25 Maneiras de
Parar de Fumar", "Pêlos do Nariz" ou "Como Fazer Amor com
uma Mulher".
Plympton só perde a pose quando informado de que não há
praias em São Paulo. "Vocês têm
um rio?", pergunta. Mas se conforma ao descobrir as atrações
noturnas da cidade: "Isso é bom.
Adoro clubes".
Folha - No Brasil, as pessoas
que conhecem seu trabalho são
jovens que assistem MTV e canais pagos. É o mesmo nos EUA?
Bill Plympton - Sim. É o pessoal
da MTV. Adolescentes e pessoas
na casa dos vinte e poucos.
Folha - Por que o trabalho de
um cara de 53 anos, como você,
é preferido pelos jovens?
Plympton - Eu gosto de fazer as
pessoas rirem. E gosto de fazer
animação sobre sexo e violência
-acho isso muito engraçado. E é
o que pessoas dessa idade gostam.
Elas riem mais fácil.
Folha - Você foi indicado para
o Oscar de curta de animação
em 1987. Quando um diretor de
longa-metragem é indicado, sua
carreira costuma ter uma mudança. Acontece o mesmo com
os curta-metragistas?
Plympton - É, é uma grande
mudança.
Folha - Para melhor?
Plympton - Oh, sim (risos). É
mais prestígio, status, convites
para festivais. Sempre que encontro alguém, eu digo "fui indicado
para o Oscar" e as pessoas dizem
"oooh, você deve ser um cineasta
muito bom".
Folha - Quer dizer que você diz
isso para todo mundo?
Plympton - Não, nem sempre
(risos). Depende se eu estiver tentando vender algo, por exemplo,
para um grande estúdio. Eles te
respeitam. Você ganha respeito se
tiver sido indicado para o Oscar.
Folha - Como você inventa
seus filmes?
Plympton - Geralmente, eu tenho um bloco de anotações que
carrego comigo todo o tempo, em
Nova York. Quando vejo algo engraçado ou interessante, faço um
desenho ou escrevo uma nota.
Depois de alguns dias, volto ao assunto e penso como ficaria num
filme. Além disso, todas as manhãs eu fico deitado na cama por
uma hora ou duas apenas pensando. Pensando nas idéias, refinando e brincando com elas até
que algo interessante apareça.
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